1 - Quantos estádios da Copa
de 2014 serão bancados por verba pública?
Até o momento, nove. Nesses casos, haverá uso de verba do BNDES
--até R$ 400 milhões-- e o restante será bancado pelos governos
estaduais e municipais.
2 - Quais são os problemas
técnicos do Morumbi?
O principal problema apontado pela Fifa e pelo Comitê 2014 está
relacionado às falhas de visibilidade das arquibancadas.
3 - Por que o São Paulo não
eliminou os pontos cegos nos projetos que levou à Fifa?
Para eliminar totalmente os pontos cegos seriam necessárias
intervenções profundas que acabariam onerando muito a reforma.
4 - Que tipo de
intervenções?
Rebaixamento do gramado e reconstrução dos anéis inferiores da
arquibancada.
5 - Em quanto aumentaria o
custo da reforma?
No quarto projeto apresentado, que não previa eliminação de 100% dos
pontos cegos, o custo era de cerca de R$ 350 milhões. No quinto
projeto, aprovado pela Fifa para as semifinais, o orçamento saltou
para R$ 630 milhões, valor suficiente para construir um novo
estádio, com capacidade menor que a atual.
6 - Por que o São Paulo não
apresentou garantias financeiras para o projeto que agradou ao
Comitê 2014?
Porque considerava economicamente inviável investir R$ 630 milhões
na reforma, além de não ter conseguido parceiros privados
suficientes para bancá-los.
7 - Então foi esse motivo
que levou o clube a apresentar um projeto final mais modesto?
Sim. O sexto e último projeto apresentado previa gastos de somente
R$ 265 milhões, mas era inferior tecnicamente até mesmo ao quarto
projeto. Não previa rebaixamento do gramado nem intervenção na
arquibancada.
8 - Por que o comitê não
aprovou o último projeto?
O sexto documento nem sequer foi examinado. O presidente do comitê,
Ricardo Teixeira, afirmou que o prazo de apresentação de projetos
expirou. Mas, curiosamente, disse ainda estar disposto a avaliar
novos projetos apresentados por São Paulo.
9 - Com tantos problemas, a
decisão de excluir o Morumbi foi somente técnica?
Não. O último projeto apresentado pelo São Paulo não corrigia os
problemas de visibilidade. Mas na África do Sul-2010 e na
Alemanha-2006, há exemplos de estádios com pontos cegos. Se a Fifa
usasse o mesmo critério para o Brasil, não haveria motivo para
excluir o Morumbi do Mundial-2014, apenas do jogo de abertura e de
partidas importantes.
10 - Então, quais são os
motivos políticos que levaram à exclusão do estádio?
O principal deles está ligado ao péssimo relacionamento entre
Ricardo Teixeira e o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio.
11 - Por que Teixeira e
Juvenal são rivais políticos?
Porque o presidente do São Paulo apoiou Fábio Koff na eleição do
Clube dos 13, enquanto Teixeira apadrinhou a candidatura de Kléber
Leite. Não foi mera coincidência os primeiros boatos de exclusão do
Morumbi terem surgido logo após a derrota de Leite.
12 - Por que a Fifa também
criticou o Morumbi?
Porque trabalha em consonância com Teixeira, que é, inclusive,
candidato à presidente da entidade em 2014, e a construção de uma
arena na cidade atrai mais negócios e parceiros para a Fifa do que
uma simples reforma.
13 - E por que o governo
paulista não constrói um estádio novo?
Diferentemente da maioria das sedes, São Paulo já tem vários
estádios. Consumir dinheiro público em mais um significa encarar a
resistência da opinião pública. A ausência de uma nova praça seria
compensada pelo fato de a cidade possuir melhor infraestrutura para
receber a abertura do que as rivais Belo Horizonte e Brasília.
14 - Com o Morumbi vetado,
São Paulo corre o risco de ficar fora da Copa de 2014?
Não. Teixeira garantiu anteontem que a cidade será sede e ainda
aposta que realizará a abertura
15 - Quais são as opções de
São Paulo para receber o jogo de abertura?
A princípio, somente uma: o estádio de Pirituba. Mas, para
viabilizá-lo, o comitê paulista busca parceiros privados que arquem
com cerca de R$ 1 bilhão para construir uma nova arena para ao menos
65 mil pessoas.
16 - E as outras
alternativas?
Se abdicar da abertura, São Paulo ampliará seu leque de opções com
estádios com capacidade inferior a 65 mil pessoas. A arena do
Palmeiras, que deve começar sua obra em breve e já conta com
parceiro privado, é a principal. O Pacaembu corre por fora.
17 - O Corinthians pode se
beneficiar com 2014?
Sim. Andres Sanchez é muito próximo a Ricardo Teixeira. Mas o clube
estuda três possibilidade de erguer seu estádio. Em Itaquera; em
Guarulhos, com financiamento do banco Banif; e em Pirituba. Neste
caso, o clube teria que encontrar, junto à Prefeitura, um parceiro
privado.
18 - Qual é a vantagem de
sediar a abertura da Copa?
Receber o Congresso da Fifa e mais negócios e turistas que qualquer
outra sede do Mundial.
19 - Por que Belo Horizonte
é azarão na corrida pelo jogo inaugural de 2014?
Porque a cidade possui um número insuficiente de hotéis para o
evento. E esse é um problema difícil de ser contornado pois talvez
não haja interesse do setor privado em construir hotéis, que, após o
Mundial, ficarão ociosos.
20 - Por que Belo Horizonte
continua no páreo?
Porque o ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) é amigo pessoal
de Ricardo Teixeira. O novo Mineirão, orçado em R$ 426 milhões, já
foi aprovado pela Fifa e tem garantias financeiras.
21 - Brasília tem problemas
para sediar a abertura?
Sim. Após o governador José Roberto Arruda ter sido cassado, o
governo do DF passou por turbulências que enfraqueceram a
candidatura. Mas o projeto do Mané Garrincha impressiona o comitê:
custa R$ 702 milhões e é o mais caro entre todos de 2014.
22 - O Rio também concorre à
sede da abertura?
Oficialmente, não. Mas políticos de SP, DF e MG sabem que, se não
apresentarem um bom projeto para abertura, o Rio pode se transformar
numa solução.
23 - Por que o Comitê 2014
não anuncia logo qual cidade será a sede da abertura?
Isso só será anunciado em 2011, após as eleições para presidente.
24 - Esse atraso no anúncio
afeta o cronograma?
Talvez sim. A cidade escolhida para sediar a abertura terá só dois
anos para se preparar para a Copa das Confederações.