Prestes a voltar ao esporte com a
camisa do Tulsa Shock na WNBA, a ex-atleta Marion Jones cumpriu seis
meses de prisão nos Estados Unidos e é um dos símbolos do maior caso
de doping da história do esporte. Depois de ganhar três medalhas de
ouro e duas de prata nos Jogos Olímpicos de Sidney-2000, a atleta
confessou o uso de substâncias proibidas, perdeu seus títulos e
acabou na cadeia.
A partir de 1999, Jones usou o
chamado THG, esteróide criado pelo Bay Area Laboratory Cooperative,
conhecido como Balco e comandado por Victor Conte. Diferente dos
dopings comuns, baseado em drogas que já existem no mercado, a
substância foi criada com a finalidade de melhorar o desempenho dos
atletas. Desta forma, os competidores não eram detectados nos exames
antidoping.
"Esse laboratório teve a brilhante
ideia de inventar uma substância que não existia (em tom irônico).
Ninguém tinha pensado nisso antes. As nossas máquinas são
programadas para procurar as substâncias que estão na lista de
proibidas da WADA (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês),
e você não pode detectar substâncias que não está procurando",
explica Reinaldo Castanheira, gerente geral de sistemas de medições
analíticas da Agilent.
Na época, o Balco atendia alguns dos
principais nomes do esporte. O norte-americano Tim Montgomery,
ex-marido de Marion Jones, chegou a quebrar o recorde mundial dos
100m em 2002, mas também usou substâncias proibidas e atualmente
está na cadeia. Astro do beisebol, Barry Bonds, dos Estados Unidos,
consumiu produtos do laboratório, assim como atletas do futebol
americano e do boxe.
Os equipamentos que serão utilizados
nos testes antidoping na Copa da África do Sul são cinco vezes mais
sensíveis do que os empregados no Mundial da Alemanha. Desta forma,
uma dosagem que não era detectada há quatro anos pode ser encontrada
desta vez. Apesar da tecnologia, Castanheira admite que um novo
escândalo pode se repetir.
"Não está excluída a possibilidade de
que apareça uma substância que ninguém conheça e tenha efeitos
maravilhosos no organismo", afirmou. "É uma luta de gato e rato. A
substâncias são produzias, a princípio, para tratar de doenças. A
intenção na maioria das vezes é boa, mas existem bons e maus
profissionais em todas as profissões", completa Renato Abreu,
especialista em produtos da Agilent.
O Comitê Olímpico Internacional ainda
estuda alguns casos ligados ao escândalo protagonizado pelo Balco.
Medalha de prata no revezamento 4x100m dos Jogos de Sidney-2000, os
brasileiros André Domingos, Claudinei Quirino, Édson Luciano e
Vicente Lenílson esperam herdar o ouro dos Estados Unidos, já que
Tim Montgomery integrou a equipe norte-americana na Austrália.
Após cumprir a pena, Marion Jones
inicia sua carreira na liga profissional de basquete dos Estados
Unidos no próximo dia 15 de maio. Contratada pelo Tulsa Shock, ela
enfrenta o Minnesota Lynx . Já o britânico Dwain Chambers, que
também foi suspenso por usar THG, vem ao Rio de Janeiro para
disputar o GP Brasil de Atletismo a partir do próximo dia 23 de
maio.