Venda antecipada do último 'Harry Potter' estraga a festa de leitores e editores

NOVA YORK, EUA (AFP) - O lançamento antecipado de centenas de exemplares do último volume da saga de Harry Potter nos Estados Unidos, onde dois jornais publicaram resenhas sobre a obra, revelando que ela marca a iniciação do personagem na vida adulta, estragou a festa de leitores e editores.

"'As Relíquias da Morte' é, em boa medida, um livro que marca a iniciação de Harry nas complexidades e tristezas da idade adulta", escreveu a crítica Michiko Kakutani na edição desta quinta-feira do New York Times, que, assim como cerca de 1.200 pessoas, pôde comprar a obra no dia anterior, numa livraria nova-iorquina.

Scholastic, a editora da escritora britânica J.K. Rowling nos Estados Unidos, pensava em lançar "Harry Potter e as Relíquias da Morte" numa megaoperação de marketing em escala mundial na meia noite de sábado, mas algumas livrarias se adiantaram.

O New York Times publicou uma extensa e detalhada resenha da obra, que revela que "pelo menos meia dúzia de personagens que conhecemos morrem e outros são feridos e torturados".

O clímax do livro, segundo o jornal, é o confronto de Harry com seu nêmesis Voldemort. "A viagem de Harry proporcionará um enfrentamento final com seu arquiinimigo e também o fará voltar ao passado, na casa de Godric's Hollow, onde morreram seus pais, para que ele conheça a história de sua família".

"Ao mesmo tempo, acrescenta o jornal, Harry será obrigado a resolver a equação entre fraternidade e independência, entre livre-arbítrio e destino, e a lidar com suas próprias fragilidades e a dos demais".

"Harry parece vencido pela desilusão e a dúvida na etapa final da romance em sete volumes", afirma.

Outros personagens, bons ou maus, "podem ser mais complexos do que pareciam inicialmente, já que todos eles, assim como Harry, têm aspectos escondidos de suas personalidades, e que saber escolher - mais que o talento ou a predisposição - é o mais importante".

A resenha revela, além disso, que objetos de livros anteriores, como o relógio de invisibilidade, a poção polissuco ou a motocicleta voadora de Sirius "desempenham papéis importantes".

Segundo o livro, o mérito da autora é ter conseguido que Harry seja, ao mesmo tempo, um adolescente comum e um herói épico da envergadura de rei Artur, Homem Aranha ou Luke Skywalker, o personagem principal da trilogia Star Wars. O sucesso da série seria, na opinião da crítica, que no mundo de Harry Potter coexistem o comum e o maravilhoso.

Depois de ler o último volume, o New York Times conclui que o universo de Harry Potter "é também um lugar reconhecível para os leitores, onde a morte e as catástrofes da vida cotidiana são inevitáveis, e onde a vida das pessoas é marcada pelo amor, a perda e a esperança, da mesma forma que o que está em nosso próprio mundo mortal".

Rowling protestou pelas resenhas publicadas pelo New York Times e o Baltimore Sun. "Fiquei estupefata que alguns jornais americanos decidiram publicar (...) críticas do livro, em total desrespeito ao desejo de milhares de leitores, especialmente as crianças, que querem descobrir sozinhos o fim da história", afirmou a escritora num comunicado.

Paralelamente, a Bloomsbury, editora britânica da série, expressou sua "consternação" pela ruptura nos Estados Unidos do embargo imposto sobre a sétima e última venda da saga do mago mais famoso do mundo.

A Bloomsbury Publishing "ficou muito consternada ao saber que, à noite, um pequeno número de cópias de 'Harry Potter e as Relíquias da Morte' foram vendidos nos Estados Unidos", rompendo o embargo mundial, afirmou a editora em comunicado divulgado em Londres.

No último volume desta bem sucedida série, cujos seis capítulos anteriores venderam mais de 325 milhões de exemplares em 64 idiomas, terá sua edição em inglês lançada oficialmente às 00H01 de sábado em Londres (23H01 GMT de sexta-feira), simultaneamente em todo o mundo. As exceções serão os Estados Unidos, Canadá e México, onde o livro sairá no primeiro minuto de sábado, na hora local.

Fonte: yahoo.com.br

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