IPCC alerta para impactos irreversíveis das mudanças climáticas
VALÊNCIA, Espanha (AFP) - As
conseqüências das mudanças climáticas poderão ser irreversíveis,
advertiram os especialistas do IPCC, que divulgaram nesta
sexta-feira, em Valência, o resumo de um relatório destinado aos
dirigentes do planeta.
"A mudança climática antrópica
(causada pelo homem) e suas conseqüências podem ser repentinas e
irreversíveis", afirma o texto feito pelos delegados do Painel
Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC, por suas siglas
em inglês) "para os que decidem". O resumo do relatório foi adotado
na manhã desta sexta-feira em Valência depois de uma noite de
discussões.
Os especialistas do IPCC, Prêmio
Nobel da Paz 2007 junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore,
estão reúnidos em Valência desde segunda-feira para aprovar e
apresentar seu quarto e último relatório sobre as mudanças
climáticas do planeta, que servirá para orientar as decisões
internacionais quanto à luta contra este fenômeno.
Desde janeiro, o grupo de
especialistas do Painel Intergovernamental para Mudança Climática
(IPCC) publicou três grandes capítulos deste relatório - avaliação
científica do fenômeno, conseqüências e soluções possíveis - que
confirmaram a amplitude e as graves conseqüências do aquecimento
global
Segundo as conclusões deste informe,
haverá um aumento da temperatura mundial de 1,1 a 6,4°C em relação
ao período 1980-1999 antes de 2100, com um valor médio compreendido
entre 1,8 y 4°C.
A atividade humana produtora do gás
de efeito estufa é claramente responsável pelos aumentos de
temperatura já constatados, concluiu o IPCC.
Este painel da ONU, que estuda e
reúne as pesquisas realizadas por milhares de cientistas de todo os
países, deve agora aprovar a síntese dos três capítulos e publicar
um resumo dirigido às autoridades encarregadas de tomar decisões.
Em seus últimos três estudos, o IPCC
apresentou conclusões sobre o aumento das temperaturas, a alta dos
oceanos, a multiplicação das ondas de calor e derretimento da camada
de gelo. A seguir, um resumo:
AVALIAÇÃO CIENTÍFICA:
- A mudança do clima é inequívoca e
as emissões de gases de efeito estufa, provocadas pelas atividades
humanas (principalmente gás, carvão, petróleo) são responsáveis (90%
de certeza) pelo aumento das temperaturas nos últimos cem anos
(+0,74°C).
- A temperatura mundial deve aumentar
entre 1,1 e 6,4°C em relação a 1980-1999 até 2100, com um valor
médio mais seguramente compreendido entre 1,8 e 4°C. O aquecimento
será mais importante nos continentes e nas latitudes mais elevadas.
- O aumento da temperatura foi duas
vezes mais importante no Polo Norte do que na média mundial nos
últimos 100 anos, provocando o derretimento acelerado da camada de
gelo.
- O nível dos oceanos poderá, segundo
as previsões, subir de 0,18 m a 0,59 m no final do século em relação
ao período 1980-1999.
- Os calores extremos, ondas de calor
e fortes chuvas continuarão sendo mais freqüentes e os ciclones
tropicais, tufões e furacões, mais intensos.
- As chuvas serão mais intensas nas
latitudes mais elevadas, mas diminuirão na maioria das regiões
emersas subtropicais.
PRINCIPAIS IMPACTOS:
- Inúmeros sistemas naturais já estão
afetados e os mais ameaçados são a tunda, as florestas
setentrionais, as montanhas, os ecossistemas mediterrâneos e as
regiões costeiras.
- Até 2050, a disponibilidade de água
deve aumentar nas latitudes elevadas e em certas regiões tropicais
úmidas, mas a seque deve se intensificar nas regiões já afetadas.
- 20 a 30% das espécies vegetais e
animais estarão ameaçadas de extinção se a temperatura mundial
aumentar de 1,5 a 2,5°C em relação a 1990.
- A produção agrícola deve aumentar
levemente nas regiões de médias e altas latitudes (frias) se o
aumento da temperatura se limitar a menos de 3°C, mas poderá
diminuir se ultrapassar esse limite. Nas regiões secas e tropicais
diminuirão tão logo ocorra um aumento local das temperaturas de 1 a
2°C.
- Milhões de pessoas se verão
afetadas pela má nutrição, as enfermidades ligadas às ondas de
calor, as inundações, as secas, as tempestades e os incêndios.
Fonte:
yahoo.com.br
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