Sem estragar qualquer surpresa, o
resultado desse desejo é o maior mérito do filme: Ver... Ou melhor,
rever, os dois agentes interpretados por David Duchovny
e Gilliam Anderson uma década depois. É como
reencontrar dois velhos conhecidos e notar como eles seguiram
adiante. Bom, ao menos como ELA seguiu adiante. Sim, pois não seria
Arquivo X sem a paranóica fé no sobrenatural de Mulder.
Essa motivação obsessiva do ex-agente
do FBI é justamente a isca para "fisgá-lo" de volta ao trabalho.
Bastou alguma esquisitisse apetitosa para que o barbudo e recluso
Mulder saísse do quartinho abarrotado de recrtes onde "estava
feliz feito um marisco". É como se ele tivesse vida própria (ao
longo de nove temporadas de série televisiva deve ter mesmo) e os
roteiristas soubessem exatamente que botões apertar para convencê-lo
a voltar.
É especialmente boa a maneira como o
filme resgata a dinâmica e o universo de Arquivo X
recorrendo muito pouco às imagens consagradas do programa. Não há
ternos, lanternas frenéticas, conspirações governamentais ou
distintivos sendo mostrados a cada instante. Há, sim, duas pessoas
que se lembram desses tempos com desconfiança e por conta disso
relutam em voltar à ação. Relutância que desaparece em segundos
quando fica claro que tal retorno pode salvar uma vida (e pelo bem
da trama, claro).
Obviamente, a nostalgia existe (seria
estúpido se não existisse), mas é mérito da produção não se apoiar
nela como desculpa para o filme. As seis memoráveis notas da
música-tema estão lá, abrindo o suspense, assim como a neblina, os
pinheiros, acontecimentos misteriosos e a eterna dinâmica
credulidade versus ceticismo do casal protagonista, o
teimoso e a cientista. Fora isso há pouco do velho Arquivo X
e a trama, que lembra um dos bons episódios de "monstro da
semana" dos tempos áureos do programa, não comportaria muito mais
mesmo... É prova disso a participação de Mitch Pilleggi,
o Agente Skinner, que soa gratuita e sem propósito.
Só não tenho certeza se não-fãs da
série extrairão qualquer coisa de Eu Quero Acreditar... Ele
é focado demais em um conhecimento prévio de seus personagens para
funcionar. E os elementos de maior apelo junto ao grande público
devorador de suspenses não são suficientemente estimulantes. Há uma
cena de ação e correria fraca, o resultado das investigações - ainda
que bizarro - é pouco mostrado por medo de pegar uma censura mais
alta e não há um antagonista suficientemente carismático (note ao
final: O personagem que sai estampado no jornal mal foi mostrado!).
Enfim, é um suspense apenas razoável. O que vale mesmo é o
reencontro.