A internet mais
rápida e mais barata do planeta
Seul, 27 (AE) - A velocidade
incrível, que permite que se baixe um DVD inteiro em cerca de 5
minutos, é apenas um dos fatores que fazem da Coréia o país mais
conectado do planeta. "A internet aqui é tão importante quanto a
eletricidade", conta o vendedor Choi Jin Siek, de 32 anos. "Muito
apartamento novo já tem conexão de fibra óptica. Não dá para viver
sem a web porque todo o nosso mundo está lá."
O governo sul-coreano apostou pesado
na tecnologia para espantar a crise econômica que tomou conta da
Ásia no final dos anos 1990. Investiu US$ 24 bilhões em
infra-estrutura de rede e hoje consegue oferecer para qualquer
pessoa conexões absurdamente velozes por menos de US$ 20 (R$ 34) por
mês. Sem limite de downloads. Cerca de 90% da população está plugada
na banda larga.
Hoje, conexões de 50Mb/s e 100 Mb/s
são normais nas casas. No Brasil, a conexão mais rápida é de 8 Mb/s,
mas poucos têm acesso a ela. Em Seul, em breve a velocidade chegará
a 1Gb/s (gigabit por segundo), quase um quinto da impressionante
velocidade da conexão oferecida na Campus Party Brasil há cerca de
duas semanas.
Essa aposta na internet não poderia
ser mais acertada. Toda uma nova cultura digital está se
desenvolvendo graças a essa iniciativa, e é essa cultura que coloca
a Coréia no topo do mundo digital. Muito antes de Orkut, FaceBook e
MySpace, a Coréia já tinha seu site multimídia de rede social. O
Cyworld, criado em 1999, reúne 43% da população do país. O site tem
ainda mais peso do que o Orkut tem no Brasil.
A sacada do Cyworld em relação aos
outros sites de rede social é a forma como outros produtos são
oferecidos. Fazer uma página pessoal é grátis, mas adicionar novos
recursos, como músicas personalizadas, vídeos de artistas ou
gráficos mais bonitos custa dinheiro. São microtransações, de baixo
valor. Uma música, por exemplo, custa US$ 0,50. Mas apenas essas
músicas já movimentaram dentro do Cyworld mais de US$ 100 milhões.
Esse modelo de negócios da web é a
base de muitos serviços online na Coréia, inclusive os games online.
Tudo é gratuito para quem quiser a experiência básica, mas uma
experiência mais elaborada é cobrada.
Nos games online, é normal comprar
itens que aumentam o poder dos personagens ou modificam o visual,
como uma roupa ou um adereço.
O Messenger, que no Brasil é o
programa de mensagens instantâneas mais usado, quase não tem vez
aqui. O NateOn Messenger domina. Integrado ao Cyworld, o pequeno
programa também serve como uma espécie de leitor de RSS, que avisa
quando os contatos atualizaram suas páginas pessoais.
O Google praticamente não tem
importância para o internauta coreano. Quando precisa de uma
informação, ele segue direto para o Naver, o maior site de busca da
Coréia. O grande diferencial em relação aos outros mecanismos de
busca é a forma como a informação é tratada. A grande sacada do
Naver foi, em 2002, permitir que os usuários alimentassem a base de
dados do buscador de forma colaborativa.
É como se o Google fosse fundido com
a Wikipédia. O resultado foi a criação de uma comunidade em torno do
buscador. Como o sistema é baseado nas pessoas, e não em algoritmos
de busca, o resultado sempre é satisfatório.
O web designer Park Soo, de 21 anos,
só usa o Naver em suas buscas. "Quando procuro por restaurantes na
área onde moro, em vez de um script automático me mostrar o
resultado, eu vejo essa informação e a recomendação pessoal de
várias pessoas, que endossam ou não a informação que o sistema me
oferece. O Google não tem nada parecido", conta.
Outra mostra da força do meio digital
na Coréia é a forma como conteúdo multimídia é vendido.
Enquanto no Ocidente a venda digital
de músicas não passa de 10% do total, na Coréia, mais de 57% das
canções já são vendidas digitalmente.
Conteúdos criados pelos usuários
movimentam a rede. Vídeos, wikisites, textos e músicas podem até
render dinheiro. Quanto maior a visibilidade e relevância do
conteúdo, mais dinheiro pode render.
O acesso à web também possibilitou
que a população tivesse muito mais acesso à informação e papel mais
ativo na vida política do país (leia mais na página 9). Ao mesmo
tempo, o governo investiu pesado na digitalização dos serviços
públicos.
Em vez de obrigar os cidadãos
coreanos a perder horas de trabalho em filas e burocracia
desnecessária, houve um maciço esforço para a digitalização dos
serviços públicos.
Com mais informações online, o
governo procura baixar custos e otimizar processos, além de barrar a
corrupção.
GAMES, MOTOR DA WEB - Os jogos online
tiveram grande importância na popularização dos PC Baangs (como são
conhecidas as lan houses na Coréia do Sul), logo que a banda larga
foi disseminada no país.
O hábito de jogar online e navegar em
alta velocidade estimulou bastante a adoção da banda larga nas
residências, mas foi nos PC Baangs que os coreanos tiveram pela
primeira vez a experiência da web hiperveloz.
Visitamos uma na região do mercado de
Namdaemum. Enorme e escura, a lan house contava com mais de 50
computadores de última geração. Depois de observar um pouco o
comportamento dos jovens jogando, entendemos que o game é apenas um
pretexto para se reunir lá.
Na Coréia, a maioria das casas é
pequena e o PC de casa é compartilhado por todos. Para reunir os
amigos, a melhor opção para os jovens são as lan houses. Por menos
de US$ 1 por hora, é possível jogar games de última geração, brincar
e estabelecer relacionamentos reais. Os games mais populares são
justamente os que formam comunidades, como os RPGs, jogos de tiro e
corrida, voltados para ambos os sexos. Sempre tem uma garota real
disposta a jogar.
O mercado de games na Coréia
movimentou respeitáveis US$ 2 bilhões em 2007, e a expectativa de
crescimento anual é da ordem de 19%.
Fonte:
br.noticias.yahoo.com
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