Aumenta o número
de meninas viciadas em álcool
Segundo o Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), ligado à
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 6,4% das moradoras de
São Paulo entre 12 e 17 anos apresentam sinais de dependência do
álcool. Nos garotos da mesma idade, o índice é de 4,9% - pesquisa
feita com base em 4.117 entrevistas. Este é o único grupo etário em
que as mulheres aparecem à frente. Nos maiores de 35 anos, por
exemplo, 16% deles têm indícios de alcoolismo contra 5,4% delas.
"Esta diferença entre as idades
revela uma mudança cultural. As mulheres passaram a ter os mesmos
desafios do que os homens, a mesma vontade e necessidade de
auto-afirmação. Sensações essas promovidas pela bebida", afirma o
diretor do Cebrid, Elisaldo Carlini. No levantamento anterior,
divulgado em 2002, eram 3,4% das meninas com sinais de dependência,
frente 3,5% dos meninos, o que indica que entre elas o número quase
dobrou.
Esta semana, num bar da Rua Maria
Antônia, das 23 pessoas que dividiam as mesas, 19 eram mulheres
jovens. A maioria estava com um copo de cerveja em uma mão e, na
outra, um cigarro. "É uma pena que as meninas de hoje encarem o fumo
e a bebida como um instrumento de disputa de poder com os meninos",
lamenta Luizemir Lago, diretora do Centro Estadual de Referência em
Tratamento de Álcool, Tabaco e Outras Drogas.
"A igualdade dos sexos trouxe uma
série de vantagens, como entrada no mercado de trabalho e
faculdades, melhores salários, acesso à cultura. Mas existiam
preconceitos que nos protegiam no passado. Hoje ninguém se espanta
com uma menina no bar. Elas bebem nem tanto por rebeldia, e sim,
porque a facilidade de beber ficou igual à encontrada pelos
meninos", diz Ilana Pinsky, psiquiatra da Unifesp.
Mas o "feminismo" não é o único
fator. "É biológico também. O corpo da mulher tem menos enzimas e é
composto por menos líquido", diz a psicóloga Camila Silveira, do
Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa). "Isso faz com que
o organismo tenha mais dificuldade em diluir o álcool, o que provoca
a dependência em menor tempo."
Mônica Zilberman, professora de
psiquiatria da USP, cita ainda as características psicológicas da
adolescência feminina. "Nos atendimentos, onde é cada vez maior a
presença das meninas, elas falam muito que os motivos para beber são
os foras dos namorados, a dificuldade em lidar com as mudanças no
corpo. Nos discursos delas é muito mais forte a questão depressiva
do que nos meninos, que citam o 'beber' como artifício de diversão."
Bruna (nome fictício), que garantiu
ter 18 anos, não viu problema nos cinco copos de tequila que virou
de uma vez, sem fazer careta, em um bar na Rua Vergueiro, zona sul
de São Paulo. Foi aplaudida de pé pelos colegas de mesma idade. Ela
negou dependência, mas contou que o primeiro gole foi "mais ou menos
aos 12 anos"- idade apontada como início da bebedeira, segundo
estudo da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), também da
Unifesp. "No intervalo de apenas uma geração, a idade para começar a
beber caiu. No mesmo estudo, pessoas entre 18 e 25 anos falaram que
iniciaram com 15 anos", diz o presidente da Associação Brasileira de
Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Sérgio de Paula Ramos.
Em números: faixa etária de:
- De 12 A 17 anos
Mulheres: 6,4% são dependentes
Homens: 4,9% são dependentes
- De 18 A 24 anos
Mulheres: 15,2%
Homens: 28,3%
- De 25 a 34 anos
Mulheres: 9,4%
Homens: 23,1
-
Mais de 35 anos
Mulheres: 5,4
Homens: 16%
* Fonte: Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas(Cebrid)
Fonte:
br.noticias.yahoo.com
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