Vídeo mostra que Benazir cai antes de explosão no Paquistão
SLAMABAD - Uma nova gravação divulgada
pela CNN nesta quinta-feira, 3, mostra que a ex-primeira-ministra
Benazir Bhutto, assassinada no último dia 27 de dezembro, cai antes
do atentado suicida que aprofundou a crise política do país e adiou
as eleições parlamentares para o dia 18 de fevereiro.
Líderes oposicionistas e um grupo de
estudos independente afirmou nesta quinta que o presidente do
Paquistão, Pervez Musharraf, que conta com o apoio dos Estados
Unidos, tem de renunciar antes das eleições parlamentares de
fevereiro ou o país corre o risco de afundar numa guerra civil.
Um suicida a atingiu com disparos e
depois se explodiu, aprofundando a crise política paquistanesa. O
governo tem sido criticado pela precária segurança oferecida a
Benazir, que denunciava que elementos do partido governista queriam
assassiná-la. O partido nega que tenha envolvimento no complô. O
presidente Musharraf anunciou ainda que a polícia britânica Scotland
Yard irá ajudar na investigação do assassinato.
A oposição, entretanto, quer que a
investigação seja promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU)
e exigiu a renúncia de Musharraf, um ex-comandante das Forças
Armadas que ascendeu ao poder num golpe em 1999. "Eleições livres e
justas são impossíveis sob sua liderança", afirmou Javed Hashmi,
integrante do partido oposicionista do ex-premier Nawaz Sharif.
Num relatório sobre a morte de
Benazir, o Grupo de Crises Internacionais, baseado em Bruxelas,
pediu aos Estados Unidos para reconhecerem que Musharraf é "um
grande peso, visto como cúmplice no assassinato" de Bhutto. "Chegou
o momento de reconhecer que é a democracia, e não um general
amplamente desprezado, artificialmente alçado, despido de mando, a
melhor chance para oferecer estabilidade", disse num comunicado o
diretor do grupo para a Ásia, Robert Templer. "A menos que Musharraf
renuncie, as tensões irão piorar e a comunidade internacional poderá
enfrentar o pesadelo de um país muçulmano com armas nucleares
afundando numa guerra civil".
O Partido Popular do Paquistão (PPP),
que era liderado pela ex-premiê assassinada, prepara um pedido
formal à ONU que incluirá os vídeos e as declarações do governo a
respeito do assassinato de Benazir Bhutto, a fim de convencer a
organização a abrir uma investigação internacional. "A principal
razão pela qual recorremos às Nações Unidas é que não confiamos no
governo", disse o advogado Farooq Naek ao jornal paquistanês The
News.
Um painel de três membros do partido
da líder opositora, assassinada em 27 de dezembro em um atentado,
terminou o projeto da demanda, que contém também o e-mail que Bhutto
enviou a um jornalista meses antes de sua morte, no qual
responsabilizava o presidente Pervez Musharraf pelo que pudesse lhe
ocorrer.
Em seu pedido, os membros do PPP
tomaram como modelo a investigação internacional ordenada a respeito
do assassinato do político libanês Rafik Hariri. "Os advogados do
PPP tentarão incluir todos os documentos possíveis com relação ao
assassinato de Benazir para convencer o secretário-geral da ONU (Ban
Ki-moon) a ordenar uma investigação internacional independente sobre
a tragédia de 27 de dezembro", acrescentou.
No entanto, o porta-voz do Ministério
de Exteriores paquistanês Mohammed Sadiq rejeitou o modelo de
investigação proposto pelos correligionários de Bhutto, dizendo que
as circunstâncias no Líbano e no Paquistão são diferentes.
Fonte:
estadao.com.br
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