Biografia
de Paulo Coelho
'O Mago'
A história do imortal da
Academia Brasileira de Letras é contada por aquele que é
considerado por muitos o mais notável de todos os
biógrafos brasileiros: Fernando Morais.
A obra, intitulada O
Mago, narra a surpreendente história de Paulo Coelho, o homem
que nasceu morto, flertou com o suicídio, sofreu em manicômios,
mergulhou nas drogas, experimentou diversas formas de sexo,
encontrou-se com o diabo, foi preso pela ditadura, ajudou a
revolucionar o rock brasileiro, redescobriu a fé e se transformou em
um dos escritores mais lidos do mundo, com mais de 100 milhões de
exemplares vendidos.
Paulo Coelho nasceu
morto. Com a sentença, na página 62 da biografia "O Mago", que chega
hoje às livrarias, o jornalista Fernando Morais começa a dar
contornos à história de obstinação de seu biografado: ao nascer,
Coelho saiu vivo de uma asfixia com líquido amniótico, no ventre da
mãe. Adolescente, foi hostilizado pelo pai, que o internou três
vezes num hospício. Adulto, sobreviveu ao satanismo, às drogas e à
crítica. E realizou o sonho que desde os dez anos alimentara como
uma obsessão: ser um escritor lido e reconhecido em todo o mundo.
Morais começou a escrever a biografia em 2006, após seguir Coelho
por dois meses, em viagens ao Oriente Médio e à Europa, e conviver
por mais de um mês com o escritor, em sua casa na cidade de Saint
Martin, na França. O que Morais viu nas viagens está registrado nos
primeiros capítulos, uma amostragem do sucesso daquele que o
biógrafo chama de "um brasileiro cujo trânsito internacional só se
compara a Pelé".
Terminadas as viagens, no entanto, o livro tomou outros rumos.
Morais leu um testamento em que o escritor havia determinado que um
baú, guardado em sua casa no Rio, deveria ser incinerado com todo
seu conteúdo logo após a sua morte. Morais insistiu para vê-lo.
"Pensei que era uma caixinha de sapato, um bauzinho de madeira. Mas
era uma arca daquelas que as famílias usavam para viajar de navio",
conta Morais.
"Lá estavam 40 anos de diários, em 170 cadernos grossos e mais uma
centena de fitas cassetes. Quando acabei de ler tudo, descobri que
tinha de jogar fora as cem páginas que já havia escrito porque o
livro era outro. Eu tinha imaginado um personagem mais água de flor
de laranjeira, mais light. Mas a história dele possuía uma
dramaticidade que não tinha vindo à tona integralmente nos
depoimentos dele e das outras pessoas."
Os tais diários de Paulo Coelho, diz Morais, deram a verdadeira
dimensão do que o biógrafo chama de sua "busca incessante e
neurótica da lenda pessoal", ou seja, a realização do sonho de ser
escritor.
"Não é mero jogo de palavras. Tendo em vista a quantidade de
adversidades que a vida pôs diante dele, não sei como não se
suicidou, coisa que chegou a tentar", diz o biógrafo.
"O livro iria se chamar "O Sobrevivente". A primeira coisa que me
chamou a atenção foi o fato de ele ter sobrevivido a tudo. Às
drogas, ao hospício, aos pais hostis, ao satanismo e à crítica,
depois que se tornou uma estrela."
Estresse
Morais conta que se "estressou" escrevendo "O Mago". Após abrir o
baú, o biógrafo começou a lidar com uma "tentação forte" de se
autocensurar, pois descobriu coisas da vida de Coelho que, se fosse
sua própria biografia, não gostaria que se tornassem públicas.
"Comecei a me questionar se não estaria sendo desleal com ele, que
abriu as vísceras para mim. Mas aí pensei o seguinte: recorrer a ele
seria quebrar o pacto que eu havia proposto. E me expor à
possibilidade de ele dizer não, e eu ter de aceitar."
A autocensura se referia, em parte, a passagens um tanto "picantes"
da vida de Paulo Coelho, como as experiências homossexuais ou a
relação sexual que ele teve com uma namorada em frente à tia muda e
paralítica da moça. Para Morais, tais passagens são anedóticas e dão
certo sabor ao livro. A sexualidade do mago, porém, tem grande peso
na biografia.
"Há uma sucessão de acontecimentos que levam ele a ter essa
sexualidade tortuosa. Ele cresce um menino feio, frágil e asmático.
Depois vêm os surtos de terror que ele tinha com o inferno que os
jesuítas descreviam para quem cometesse o pecado da masturbação. Aí
a mãe leva ele para tomar remédio para crescer e surgem tetas nele.
Então isso já vai criando certa confusão", conta Morais.
Até mesmo o laudo médico do manicômio, onde Coelho foi internado
três vezes, entre os 15 e 17 anos, referia-se a sua sexualidade.
"Ali está escrito que ele tinha dificuldades com sua sexualidade
porque havia se recusado a operar de fimose. Pô, isso é
interpretação pré-colombiana. Nove entre dez adolescentes preferem
não fazer, e a mãe dele entendeu como sendo sinal de que era
homossexual."
Morais diz que Coelho se aproximou de homossexuais no teatro e se
confrontou com a dúvida: "Quem garante que a minha vida sexual é
mais saborosa do que a daquele cara que é gay?".
"A única maneira de descobrir era tendo experiências. Da primeira
vez, ele vai num mafuá de Copacabana e não consegue. Na segunda,
sente-se desconfortável, nu, com outro homem na cama, e não consegue
consumar a relação. Mas continua com medo e busca um parceiro no
teatro. Depois de muita dificuldade, consuma o ato. Mas chega à
conclusão de que não lhe dá prazer."
Fonte:
folha.uol.com.br
Paulo Coelho é
bissexual
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