Nepal já é República
Os partidos políticos do Nepal
aprovaram nesta quarta-feira a abolição da monarquia e a formação de
uma república no país. A resolução --um pedido chave dos maoístas
após o fim da guerra de uma década contra o governo-- foi votada em
uma Assembléia especial e aprovada por 560 votos contra 4.
O governo estabeleceu o prazo de 15
dias para o impopular rei Gyanendra deixar o palácio onde vive. O
monarca fez poucos comentários sobre seus planos futuros, mas
afirmou que planeja permanecer no Nepal.
Horas antes da divulgação da decisão,
três suspeitos aliados da monarquia detonaram três bombas caseiras e
feriram uma pessoa.
De acordo com fontes policiais
consultadas pela agência Reuters, ativistas do grupo militante
Ranabir Senam, aliado da monarquia, distribuíram panfletos pedindo a
manutenção da monarquia, e duas bombas explodiram a alguns metros do
local onde foi realizada a Assembléia.
Comemorações
Em Katmandu, milhares de pessoas
foram às ruas com bandeiras vermelhas do Partido Maoísta para
celebrar o fim da monarquia. A multidão que se manifestou na capital
nepalesa com slogans como: 'Gyanendra, ladrão, vá embora do país!'.
Cerca de 10 mil policiais foram
destacados para proteger a Assembléia Constituinte, formada após as
eleições de 10 de abril, das quais os ex-rebeldes maoístas saíram
vitoriosos.
Os maoístas, por sua vez, anunciaram
que cerca de 20 mil voluntários permaneceram nas ruas de Katmandu
para ajudar a manter a calma. A segurança foi reforçada após vários
atentados a bombas -- o último ocorrido nesta terça-feira, deixando
dois feridos.
"Achamos que o atentado foi cometido
por opositores à instauração de uma república, com o objetivo de
instaurar um clima de pânico", disse o chefe da polícia local,
Dipendra Chand.
Durante um longo período de sua
história, o Nepal foi comandado por governos absolutos.
Em 1990, o país se tornou uma
monarquia constitucional. No entanto, a partir de 1996, a ação da
guerrilha maoísta tentava derrubar a monarquia para instituir um
regime socialista.
Massacre do Palácio
Nepalenses afirmam que mito da
mística da família real foi destruído em 2001, quando o príncipe
Dipendra matou o rei Birendra, a rainha Aishwarya e outros seis
familiares antes de se suicidar com um tiro.
O príncipe Gyanendra, tio de Dipendra,
foi coroado rei apenas três dias depois, em meio a violentos
distúrbios de manifestantes que exigiam saber a verdade sobre o
regicídio.
Em 1º de fevereiro de 2005, Gyanendra
assumiu o poder absolutista depois de destituir o governo e declarar
estado de exceção. Ele justificou o ato dizendo que o estado de
exceção era necessário para acabar com o movimento rebelde de
inspiração maoísta no país.
O governo absolutista permaneceu até
dezembro de 2006, quando uma coalizão formada por sete partidos de
oposição iniciou protestos em massa por três semanas. O rei permitiu
a volta do Parlamento para acabar com os confrontos.
Seguindo um acordo de paz assinado em
novembro de 2006 entre o governo e os maoístas, uma constituição
interina foi promulgada e os maoístas puderam participar do
Parlamento a partir de janeiro de 2007.
O acordo de paz também incluiu os
pedidos pela criação de uma Assembléia Constituinte que desenhasse
uma nova constituição e permitisse o fim do regime monárquico.
Fonte:
folha.uol.com.br
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