Andréia Schwartz afirma que EUA é pior
que Alemanha nazista
Ela resolveu falar. Depois da
chegada confusa ao Brasil, a capixaba Andréia Schwartz, 33 anos,
apontada como chefe de uma rede de prostituição que motivou a
renúncia do governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, concedeu uma
entrevista exclusiva pelo telefone a equipe do Gazeta On Line.
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Andréia, que está
morando temporariamente na casa de um amigo, em Vila Velha, região
metropolitana da Grande Vitória, afirmou que teve os direitos civis
violados nos Estados Unidos. Ela faz um alerta: “o país é pior que a
Alemanha nazista na época da Segunda Guerra Mundial”.
“Não existiu julgamento por corrupção, eles não me deram um
julgamento. Este país (EUA), eles quebram muito as relações das
pessoas. Infelizmente se está vivendo no mundo americano pior do que
no mundo de Hitler. As pessoas não têm direito mais, como se chama
lá, direitos civis. Eles estão violando muito”.
A capixaba negou ser agenciadora de garotas de programa e afirmou
ter provas de que a denúncia de tráfico de drogas não procede.
“Ninguém é santo, mas eu nunca fui uma cafetina. É incrível a
imaginação das pessoas. Eu trabalhava com 'movie stars' [...]
conheci pessoas do governo, com poder, conhecia modelos. Na verdade
a procura deles mesmo era que eu apresentasse essas pessoas pra
eles, uma amante. Mas eu não tinha lucro nenhum nesses
envolvimentos".
Sobre as drogas ela tem uma outra explicação. “Não existia tráfico
de drogas. Os policiais colocaram dentro da minha casa para tomar o
apartamento. E as modelos que iam fazer um ensaio fotográfico
seminuas na minha casa, eles interpretaram, criaram uma situação,
como se fossem todas prostitutas", afirma Andréia.
Questionada pela reportagem sobre em que profissão ela atuaria no
país, a capixaba diz que apenas agenciava negócios, embora confesse
ter “errado”. “Eu era uma coisa chamada 'middle person'. Vamos supor
que você quer comprar um restaurante. Conheço a pessoa que tem
dinheiro para investir nisso. Então eu junto as pessoas. Só que
nesse mundo de glamour existe muita coisa. Todo mundo erra ...",
lamenta Andréia.
Depois de driblar a imprensa no saguão do aeroporto de Vitória na
noite deste sábado e de deixar jornalistas esperando em frente à
casa da mãe dela, em Vila Velha, nesta manhã, Andréia explica que
aguarda a chegada de um advogado americano, que trará documentos e
orientações sobre como ela deve proceder. Por enquanto, ela não
revela onde está.
Embora tenha cumprido pena desde 2006 nos Estados Unidos sob várias
acusações, como controlar rede de prostituição para altos
executivos, tráfico e posse de drogas, lavagem de dinheiro e de ser
deportada para o Brasil, Andréia espera conseguir tirar bons frutos.
Ela já cita propostas de trabalho.
"Existem na vida experiências boas e ruins. Às vezes a gente aprende
com as experiências ruins que podem se transformar em coisas boas.
De repente se eu não tivesse passado por tudo isso eu não teria
essas diretoras famosas e filmes de Hollywood querendo fazer a minha
história, porque as pessoas adoram fantasia", finaliza.
Confira na íntegra a entrevista com Andréia Schwartz:
GOL:
Você está mais tranqüila agora?
Andréia: “Como eu estou com
algumas propostas de entrevista exclusiva para algumas pessoas, meu
advogado, que está nos EUA, ficou de me mandar um e-mail porque eu
tenho que estudar. Eu não estou dando entrevista agora por isso. As
coisas vêm com o tempo. Vamos esperar, depois desta entrevista
exclusiva, eu falo com vocês”.
GOL:
O quanto é mentira e o quanto é
verdade em relação ao que aconteceu com você?
Andréia: “Não existiu
julgamento por corrupção, eles não me deram um julgamento. Este
país, eles quebram muito as relações das pessoas. Infelizmente se
está vivendo no mundo americano pior do que no de Hitler. As pessoas
não têm direito mais, como se chama lá, direitos civis. Eles estão
violando muito. A verdade é que ninguém é santo mas também eu nunca
fui nenhuma cafetina. Foi incrível como a imaginação das pessoas é
fértil. Eu trabalhava com pessoas, empresários, conhecia muita
gente, as movie stars”.
GOL:
Então você nunca foi cafetina?
Andréia: “Infelizmente para
a mídia não. Eu digo infelizmente porque é isso que as pessoas
querem. Mas eu conhecia sim pessoas do Governo, com poder, conhecia
modelos. Na verdade a procura deles mesmo era que eu apresentasse
essas pessoas pra eles, uma amante. Mas eu não tinha lucro nenhum
nesses envolvimentos. Mas a inveja, quando eles viram que eu estava
conseguindo coisas na minha vida. Quando eles viram que eu poderia
ser sócia minoritária do Plaza, eles usaram minha conexão das
modelos – porque modelos saem com homem por dinheiro, como todo
mundo – mas isso não significa que eu tenho a obrigação de pedir
para me darem dinheiro, porque cafetina é assim, tem que ficar em
cima da pessoa.
Minha casa, que eles disseram que era de prostituição, eu tenho
papéis com o advogado que vem no Brasil, e todos vão ver que não
havia tráfico de drogas, os policiais colocaram as drogas na minha
casa para tomar o apartamento. E as modelos que iam fazer um ensaio
fotográfico seminuas, não completamente vulgar, mas mostrando um
pouco, na minha casa, eles interpretaram, criaram uma situação, como
se fossem todas prostitutas.
Eles iam fazer um pouco dentro e um pouco no terraço. Eles me
levaram e eu nem tinha idéia. Eu fiquei um mês achando que eu estava
sonhando. E os poderosos, onde estavam? Todos com medo, porque para
inventar uma coisinha ali, pouco custa”.
GOL:
E como você classificaria a sua
vida?
Andréia: “Você sabe o que é
entrepreneur? São pessoas que conhecem pessoas ricas que querem
comprar uma coisa. Vamos supor: você tem a idéia de montar uma rede
de restaurante e tem outra pessoa que tem o dinheiro para abrir a
rede. Eu era 'middle person', que colocava juntos esses dois. Só que
neste mundo de glamour – olha, todo mundo erra, ninguém é certinho –
então tem sempre alguém querendo uma namorada e como eles me viam
com modelos bonitas, eles diziam: ‘uau! Uau! ’ (risos)”.
GOL:
Apesar de tudo que aconteceu você
acha que valeu a pena morar nos EUA?
Andréia: “Existem na vida
experiências boas e ruins, às vezes a gente aprende com as coisas
ruins, coisas boas. De repente, se eu não tivesse passado o que eu
passei, eu não ia ter essas famosas diretoras de todo mundo, de
Hollywood, querendo fazer história, porque todos adoram fantasias.
Agora, existe a possibilidade de fazer uma ficção e uma não ficção”.
GOL:
Quais são seus planos?
Andréia: “Meus planos a
gente vai ver. Espero que a gente recupere alguma coisa com todo
esse sofrimento e eu espero poder ajudar as pessoas”.
Fonte:
gazetaonline.globo.com
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