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Assédio moral no trabalho é um problema mundial

 

Assédio moral no trabalho é um problema mundial

Valores sociais como a simpatia, o encantamento, a boa relação com os demais são elementos que fazem de algumas pessoas excelentes companheiros de trabalho, qualidades que os ajudam a se destacar e a serem estimados pelos chefes que os promovem a postos de maior responsabilidade. No entanto, sua boa atitude, em algumas ocasiões pode se transformar em aspereza e perversão quando chegam ao poder.

A surpresa é o primeiro indicador que nos coloca em alerta. O companheiro de mesa, talvez o amigo, se transforma em um ser desconhecido no momento em que chega ao poder, e a pessoa divertida e afável passa a ser egoísta, narcisista, irascível e manipuladora.Eles podem fazer parte de um problema que ocorre em vários níveis dentro de uma empresa, seja pública ou privada, conhecido no Brasil como assédio ou violência moral no trabalho.

Segundo a Dra. Margarida Barreto, médica com doutorado em Psicologia Social pela PUC-SP, há diferenças sutis entre esse tipo de problema entre os dois tipos de empresa. Mas uma coisa central é comum: é um tipo de violência institucionalizada que se manifesta no plano individual de muitas formas e sentidos.

Nas empresas públicas ela pode ser mais prolongada no tempo, por causa, por exemplo, da estabilidade no emprego. Nas privadas, não costuma demorar mais de um ano, por causa da maior mobilidade dos funcionários: aqueles que não suportam ser humilhados ou coagidos no seu ambiente de trabalho pedem demissão e os chefes que são finalmente identificados como violentos, podem ser realocados ou dispensados, sem a burocracia estatal.

Há países onde a pesquisa e identificação do problema estão bastante avançadas, como os da Europa e a Austrália. O professor Iñaki Piñuel, psicólogo e professor da Universidade de Alcalá de Henares (Espanha) e autor do primeiro livro em espanhol sobre o assédio moral no trabalho, é um dos estudiosos do assunto.

Em seu livro "Meu chefe é um psicopata" ele aborda a questão da "psicose" que afeta as pessoas que chegam a cargos de chefia. Piñuel analisa os papéis organizacionais como potentes mecanismos modificadores da psicologia dos indivíduos e estratégias de alguns seres humanos para escalar no poder mediante todo tipo de manipulações, mentiras e chantagens.

Segundo a Dra. Margarida Barreto - que já publicou individualmente dois livros sobre o assunto, intitulados "Uma jornada de humilhações" e "Assédio moral: uma violência sutil"- esta visão de um chefe psicopata não se aplica a estudos e casos no Brasil, mas não deixa de ser um ponto de vista interessante sobre o assédio moral no trabalho em outros lugares do mundo.

De acordo com a especialista, o chefe não é um psicopata, é a instituição que se manifesta na forma de um terror administrativo. Ela diz que este tipo de avaliação pode ser pertinente em outros países, mas não se aplica aqui.

Psicopatas organizacionais
 

"Quando falamos de psicopatas não nos referimos a pessoas delirantes, nem com uma alteração da realidade que lhes faz viver em um mundo alheio ao dos demais", explica Piñuel. O pesquisador e autor argumenta que há provas de como pessoas absolutamente normais e sem patologias mentais são afetadas pelo poder, que as transforma em pouco tempo em personagens terríveis em suas relações com os demais.

Piñuel também fala que durante seus estudos, identificou que o setor público e as administrações públicas são os lugares que oferecem as características mais idôneas para que se este tipo de comportamento que favorece os psicopatas organizacionais se desenvolva. Um regime sancionador lento e burocrático garante a impunidade para suas condutas.

Esse tipo de pessoas que se tornam chefes tende a ingressar em corporações e empresas muito hierarquizadas, onde é permitido a eles desdobrar e expandir suas tendências agressivas e sádicas. Trata-se de indivíduos frios e calculistas que sob uma aparência positiva confundem e seduzem para alcançar seus objetivos.

Todos podemos nos converter em um psicopata, o problema essencial é não sabê-lo e pensar que só os outros o são. Segundo o professor Philip Cimbrado, da Universidade de Standford (EUA) os elementos situacionais e a pressão do grupo ajudam nisso. Não se trata só de uma questão de conduta.

Os especialistas apontam ainda outras causas que favorecem os indivíduos manipuladores como, por exemplo, as empresas que geram indiferenças em relação a atuações perversas com o mecanismo "obediência à autoridade". A solução para o problema, segundo o especialista espanhol no seu livro, não passa por recorrer à moral ou à ética individual de cada diretor, "mas por um redimensionamento organizacional inteligente". Um tipo de organização que dificulta ou impede que estes mecanismos se desencadeiem, identificando-os com antecedência.

 

Fonte: br.noticias.yahoo.com

 

 

 

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