Laboratório de
física completa maior quebra-cabeças do mundo
GENEBRA (Reuters) - Uma roda de
100 toneladas, a última peça de uma ambiciosa experiência que,
esperam os cientistas, ajudará a desvendar os segredos do Universo
foi instalada com sucesso numa caverna subterrânea, na sexta-feira.
Trata-se do elemento final do
detector de partícula ATLAS, o maior dos quatro que serão conectados
ao mais poderoso acelerador de partículas do mundo, que a European
Organisation for Nuclear Research (CERN) espera começar a operar na
metade de 2008.
"A última peça completa o gigantesco
quebra-cabeças", anunciou o CERN em comunicado.
A roda foi baixada a um poço de 100
metros de profundidade, e alinhada a distância de um milímetro de
outros detectores do CERN, o maior centro mundial de pesquisa de
partículas, localizado em um extenso complexo de pesquisas ao longo
da fronteira entre França e Suíça
O detector ATLAS medirá partículas
conhecidas como múons, que devem ser geradas em colisões de
partículas no acelerador, conhecido como Grande Colisor de Hádrons (LHC,
na sigla em inglês).
O LHC recriará as condições
existentes logo depois do Big Bang, explosão que muitos cientistas
acreditam ter gerado o Universo, por meio da colisão de dois feixes
de partículas em velocidade próxima à da luz.
"À medida que as partículas passam
por um campo magnético produzido por imãs supercondutores, o
detector tem a capacidade de acompanhá-las com precisão equivalente
à espessura de um cabelo humano", segundo o CERN.
As experiências no LHC, que fica em
um túnel subterrâneo com circunferência de 27 quilômetros, devem
permitir que os físicos dêem um grande salto na jornada que começou
com a lei da gravidade de Isaac Newton, segundo a organização.
A ciência não foi capaz até agora de
produzir explicações fundamentais com por exemplo como as partículas
adquirem massa. As experiências também estudarão a misteriosa
matéria escura do Universo, e o motivo pelo qual o Universo possui
mais matéria que antimatéria.
"Os primeiros prótons colidirão em
breve, e os segredos de nosso Universo começarão a ser desvendados",
afirmou o CERN.
O porta-voz do CERN, James Gillies,
afirmou: "Nós conhecemos cerca de quatro por cento do Universo. O
LHC pode nos ensinar sobre os 96 por cento restantes, que os
cosmologistas chamam de matéria escura."
Assim que o LHC começar a funcionar,
deve levar provavelmente um ano para que uma "nova física" surja,
disse ele. Ciência útil deve ser continuamente produzida por até 20
anos.
Cerca de 10 mil cientistas ao redor
do mundo, incluindo do Brasil, trabalharam no complexo desde o
início de sua construção em 1994.
A maioria deles, cerca de 6 mil, são
dos 20 países europeus membros do CERN, mas a maior nacionalidade
presente no projeto é a dos Estados Unidos, com 1.000 pesquisadores,
seguidos por russos, informou Gillies.
Antes que o LHC possa começar a
operar, cerca de 38 mil toneladas de equipamentos precisam ser
resfriadas a uma temperatura de 271 graus Celsius negativos para que
os grandes ímãs passem a funcionar no estado de supercondutores.
Esse resfriamento será feito com ajuda de várias toneladas de
nitrogênio e hélio líquidos.
"Isso realmente é mais frio que o
espaço sideral. É uma tarefa muito grande", disse Gillies. "É
essencialmente como funciona uma geladeira, mas é
extraordinariamente grande e a temperatura é incrivelmente fria."
Fonte:
br.noticias.yahoo.com/
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