Fóssil chinês
desvenda mistério do casco da tartaruga
PARIS (AFP) - Um fóssil
surpreendentemente bem preservado de 220 milhões de anos, encontrado
no sudoeste da China, parece trazer respostas para um polêmico
debate sobre a evolução dos répteis: como as tartarugas
desenvolveram seu casco?
Em um estudo, que será publicado na
revista britânica Nature na quinta-feira, cientistas indicam a
descoberta de uma espécie de "elo perdido" dos répteis - a
Odontochelys semitestacea, descrita como "uma tartaruga com dentes e
casco pela metade". Sua proteção externa provinha diretamente das
costelas e da coluna vertebral, e não da pele, como acreditavam
alguns biólogos.
O fóssil - cerca de 10 milhões de
anos mais antigo que a ossada de tartaruga considerada mais velha já
encontrada - também sugere que a origem das tartarugas provavelmente
está na água, e não na terra.
Desde a era dos dinossauros, que
povoaram o planeta até 85 milhões de anos atrás, as tartarugas já
apresentavam um aspecto bastante semelhante ao que têm hoje.
Elas contavam com a proteção de uma
rígida carapaça superior, conhecida como casco, ligada à parte
interna de seu corpo, mais mole, chamada de plastrão.
Na falta de evidências mais fortes,
no entanto, os cientistas discutem desde o início do século XIX de
que maneira este réptil desenvolveu seu modelo de 'casa ambulante'.
Alguns diziam que o casco havia
evoluído a partir da pele, imaginando que pequenos fragmentos
ósseos, semelhantes aos encontrados nos crocodilos, ficaram mais
largos para formar uma espécie de chapa protetora, que ao longo do
tempo se uniu às costelas do animal.
A teoria rival, por outro lado,
afirmava que o plastrão se formou primeiro, e que, em seguida, as
costelas e a coluna vertebral cresceram para fora, mais achatadas e
largas, dando origem a uma carapaça resistente dentro da qual as
tartarugas poderiam se esconder para escapar de seus predadores.
"Com a Odontochelys, temos agora
evidências fósseis claras desse processo acontecendo em um indivíduo
adulto", disse Xiao-chun Wu, paleontólogo do Museu Canadense da
Natureza, em Ottawa, e co-autor do estudo.
A equipe de cientistas, coordenada
por Lau Li-Jun, do Museu de História Natural de Zhejiang, em
Hangzhou, na China, afirma também que a descoberta aponta para a
origem aquática das tartarugas.
O fato da Odontochelys semitestacea
contar apenas com meio casco - protegida apenas na parte de cima - e
com um plastrão completo - como as tartarugas de hoje - indica que
sua parte de baixo ficava exposta aos predadores na água.
"Répteis que vivem na terra mantêm a
barriga perto do chão, expondo-se pouco ao perigo", explicou Olivier
Rieppel, do The Field Museum de Chicago, outro co-autor do estudo.
Fonte:
br.noticias.yahoo.com
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