Em artigo publicado pela revista
britânica New Scientist, ele afirma que presença desse
isótopo, denominado deutério, no corpo humano contribuiria para
frear a ação dos radicais livres e propõe incorporá-lo à dieta para
este fim.
A hipótese mais aceita pela
comunidade científica sobre o envelhecimento é de que ele resulta de
um dano irreversível das biomoléculas do corpo, causado por radicais
livres de oxigênio.
Estes radicais são compostos químicos
produzidos pelo metabolismo e são perigosos porque têm um "apetite
voraz" pelos elétrons, que rouba a água, as proteínas, as gorduras e
inclusive as moléculas de DNA, deixando um rastro de destruição em
seu caminho.
O corpo humano produz centenas de
antioxidantes, incluindo vitaminas e enzimas que desativam os
radicais livres antes que estes causem qualquer dano, mas esses
sistemas de defesa acabam falhando, também vítimas de ataques
oxidantes.
Shchepinov propõe uma luta contra os
radicais livres baseada no "efeito isótopo": a presença de isótopos
pesados em uma molécula pode desacelerar as reações químicas porque
formam ligações químicas mais fortes.
As ligações com o isótopo deutério,
que tem o dobro do peso do hidrogênio mais comum e mais estável, são
oitenta vezes mais fortes do que o habitual.
Portanto, argumenta o bioquímico, sua
presença nas biomoléculas as tornaria mais resistentes aos ataques
dos radicais livres do oxigênio.
A partir dessa teoria, o russo
planeja criar alimentos ricos em aminoácidos que contenham este
elemento de modo que ele se incorpore naturalmente ao organismo,
assim como comercializar água na qual a molécula de oxigênio tenha
se aliado ao deutério.
Antes, porém, ele precisará provar
que sua ingestão é totalmente segura e que seus efeitos são
eficientes em frear os ataques oxidantes dos radicais livres.
Além disso, atualmente é muito caro
produzir o deutério: um litro de água que o contenha custa em torno
de US$ 300 (ou cerca de 232 euros).
Finalmente, como lembram alguns
cientistas, não é seguro que os radicais livres sejam a única causa
do envelhecimento.
A idéia de Shchepinov atraiu
cientistas de diversas instituições, como o Instituto de Química
Orgânica de Moscou e o Instituto de Biologia do Envelhecimento de
Moscou, na Rússia; a Universidade do Estado de Minsk, em Belarus; e
o Einstein College of Medicine de Nova York e a Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos.