Quando se trata de fazer suturas em
cortes e feridas, pouca coisa mudou no mundo nos últimos 2 mil anos.
Mesmo com sofisticadas técnicas de microcirurgia, infecções e
cicatrizes continuam sendo uma grande preocupação dos médicos.
Para minimizar esses riscos,
especialistas tentaram usar lasers de dióxido de carbono para fechar
feridas, mas, sem poder controlar a temperatura do laser, a técnica
apresentava perigos ainda maiores. Agora, a equipe de Tel Aviv diz
que acredita ter resolvido o problema.
Liderados pelo professor Abraham
Katzir, do Grupo de Física Aplicada da Universidade de Tel Aviv, os
pesquisadores dizem que o trabalho pode mudar a forma como
cirurgiões costuram cortes na pele e dentro do corpo durante
operações.
O novo aparelho reduz automaticamente
o poder do laser se ele começa a se aquecer demasiadamente, e
aumenta a temperatura para completar a sutura se ela está muito
baixa.
Precisão
Katzir alcançou essa precisão no controle do laser com a utilização
de fibras óticas feitas de haleto de prata desenvolvidas na
Universidade de Tel Aviv.
As fibras conduzem a energia para
aquecer o corte e também controlam a temperatura.
"Suturas ou pontos não são à prova de
água, sangue e urina podem passar através dos cortes, causando
infecções severas", diz Katzir.
"Além disso, em muitos casos, um
cirurgião precisa de muita habilidade para fazer uma costura
interna, suturar pequenos vasos sangüíneos, ou costurar cortes na
pele sem deixar cicatrizes."
Katzir e seus colegas foram
bem-sucedidos em testes com pacientes que fizeram cirurgias para
remover pedras na vesícula.
Ao final da cirurgia, quatro cortes
foram deixados na pele do abdôme, dois dos quais foram suturados com
técnicas tradicionais e dois com a sutura a laser.
Os resultados dos primeiros testes
indicam que tecidos suturados com laser se regeneram mais rápido e
deixam menos cicatrizes.
Testes preliminares também foram
bem-sucedidos em suturas de cortes na córnea, bexiga, intestino,
vasos sangüíneos e traquéia.
Tecidos delicados
Segundo os pesquisadores, a técnica também pode ser usada para
suturar tecidos dentro do corpo em órgãos como os rins, ou mesmo em
cirurgias no cérebro.
Perfeito para uso em tecidos
delicados, o laser pode evitar traumatismos no fechamento de
ferimentos internos, de acordo com os pesquisadores.
A equipe está trabalhando com a
permissão do Ministério da Saúde de Israel e em breve deve tratar
cortes mais longos, como os que resultam de cirurgias de hérnia.
Os pesquisadores anunciaram que
pretende pedir autorização do órgão americano que controla alimentos
e remédios, o FDA (Food and Drug Administration), para testar a nova
técnica em grande escala.
Se bem-sucedidos, os pesquisadores
esperam poder oferecer a técnica comercialmente dentro de poucos
anos.
"Acreditamos que cirurgiões
plásticos, particularmente, vão amar essa invenção", afirma Katzir.
"Fazer suturas que se regeneram bem e sem deixar cicatrizes é uma
verdadeira arte, que poucas pessoas dominam."
Segundo o pesquisador, o novo método
será muito mais fácil de dominar e resultará em uma sutura à prova
de água, impedindo infecções e acelerando a regeneração dos tecidos.