'Nasci
estuprador', diz austríaco que abusava da filha
Josef Fritzl, o austríaco
acusado de manter a própria filha presa durante 24 anos e ter sete
filhos com ela, teria afirmado que "nasceu estuprador" durante uma
avaliação psicológica. A avaliação foi feita pela diretora da
psiquiatria forense da cidade de Linz, Heidi Kastner, para ser usada
no julgamento. No entanto, o relatório de 130 páginas teve trechos
publicados em dois jornais austríacos, o "Kronen Zeitung" e o "Österreich".
"Percebi que tinha uma veia para a
maldade. Para alguém nascido para ser um estuprador, até que eu
agüentei por muito tempo", teria dito Fritzl a Kastner durante a
avaliação.
Segundo a avaliação, Fritzl foi
criado apenas pela mãe, sem a presença de um pai. Explosões de
agressão, desprezo e desinteresse materno teriam sido a tônica de
sua infância.
De acordo com Kastner, a raiva pela
mãe teria motivado o criminoso a ter uma atitude dominante sobre as
mulheres. A experiência também teria desenvolvido nele uma
capacidade de isolar realidades distintas.
Apesar de levar uma vida
aparentemente normal, Fritzl tinha explosões do que foi classificado
pela psiquiatra como o "lado mau". Foi neste período que teria
ocorrido o primeiro caso de violência sexual contra uma mulher.
A história de Fritzl chocou o mundo
quando veio à tona no final do mês de abril. A polícia austríaca
descobriu que ele manteve sua filha Elisabeth presa por 24 anos em
um cativeiro construído no porão da própria casa, na cidade de
Amstetten.
Neste período, teve sete filhos com
ela --um morreu logo após o parto, três viviam como "adotados" na
parte de cima da casa e os outros três no porão, junto com
Elisabeth.
Dois lados
De acordo com o parecer, Josef Fritzl
teria encontrado no confinamento da filha uma solução ideal para
lidar com os dois lados de sua personalidade: o "normal", que vivia
do lado de cima da casa em Amstetten; e o "malvado", que tinha uma
família paralela vivendo no porão.
De acordo com os trechos publicados
pelos jornais austríacos, Fritzl afirma que não olhava no rosto de
Elisabeth enquanto mantinha relações sexuais com ela e explicou a
existência de uma família fruto desse incesto.
"Só fiz tantos filhos para que ela
ficasse sempre comigo mesmo que saísse do cativeiro. Uma mãe de seis
filhos jamais é atrativa aos olhos de outros homens", teria dito
Fritzl.
Heidi Kastner conclui o documento
dizendo que Fritzl era uma pessoa "extremamente capaz de levar uma
vida dupla --e conseguiria até mesmo manter uma vida tripla sem
problemas".
A psiquiatra afirma que o criminoso é
mentalmente doente e recomenda sua reclusão em uma instituição
vigiada porque o risco de uma recaída é classificado como
"extremamente alto".
O julgamento de Fritzl está em sua
fase final, de acordo com o porta-voz da promotoria de Sankt Pölten,
Gerhard Sedlacek. Um veredicto é aguardado para a primeira semana de
novembro.
Fonte:
folha.uol.com.br
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