Dezenas de milhares de livros,
imagens, manuscritos, mapas, filmes e gravações de bibliotecas em
todo o mundo foram digitalizados e traduzidos em diversas línguas
para a abertura do site da Biblioteca Digital da Unesco
(www.wdl.org).
A nova biblioteca virtual terá
sistemas de navegação e busca de documentos em sete línguas, entre
elas o português, e oferece obras em várias outras línguas.
Entre os documentos, há tesouros
culturais como a obra da literatura japonesa O Conde de Genji, do
século XI, considerado um dos romances mais antigos do mundo, e
também o primeiro mapa que menciona a América, de 1507, realizado
pelo monge alemão Martin Waldseemueller e que se encontra na
biblioteca do Congresso americano.
Entre outras preciosidades do novo
site estão as primeiras fotografias da América Latina, que integram
o acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, o maior manuscrito
medieval do mundo, conhecido como a Bíblia do Diabo, do século
XVIII, que pertence a Biblioteca Real de Estocolmo, na Suécia, e
manuscritos científicos árabes da Biblioteca de Alexandria, no
Egito.
Até o momento, o documento mais
antigo da Biblioteca Digital da Unesco é uma pintura de 8 mil anos
com imagens de antílopes ensanguentados, que se encontra na África
do Sul.
A Biblioteca Nacional do Brasil é uma
das instituições que contribuíram com auxílio técnico e fornecimento
de conteúdo ao novo site da Unesco. O projeto contou com a
colaboração de 32 instituições, de países como China, Estados
Unidos, França, Grã-Bretanha, México, Rússia, Arábia Saudita, Egito,
Uganda, Israel e Japão.
O lançamento do site será acompanhado
de uma campanha para conseguir aumentar o número de países com
instituições parceiras para 60 até o final do ano. "As instituições
continuam proprietárias de seu conteúdo cultural. O fato de ele
estar no site da Unesco não impede que seja proposto também a outras
bibliotecas", explicou Abdelaziz Abid, coordenador do projeto.
A idéia de uma biblioteca digital
mundial gratuita foi apresentada à Unesco pelo diretor da biblioteca
do Congresso americano, James Billington, ex-professor da
Universidade de Harvard. Ele dirige a instituição cultural do
congresso americano desde 1987 e diz ter aproveitado o retorno dos
Estados Unidos à Unesco, em 2003, após 20 anos de ausência, para
promover a idéia da biblioteca digital.
"Eu lancei essa ideia e sugeri
colocá-la em prática nas principais línguas da ONU, como o árabe,
chinês, inglês, francês, português, russo e espanhol", diz
Billington. Ele se baseou em sua experiência na digitalização de
dezenas de milhões de documentos da Biblioteca do Congresso
americano, criada em 1800. O objetivo da Unesco é permitir o acesso
de um maior número de pessoas a conteúdos culturais e também
desenvolver o multilinguismo.