Cirurgia por
consórcio
(BR Press) - Já é uma realidade
no Brasil fazer cirurgia plástica financiada por meio de uma
administradora de consórcio. O país figura como segundo no ranking
mundial das cirurgias plásticas, cerca de 630 mil cirurgias por ano
- ficando só atrás dos EUA.
No Brasil 88% das pessoas que fazem
cirurgias plásticas estéticas são mulheres e 12% homens. O
brasileiro geralmente está mais preocupado com o bolso e aparência e
procura possibilidades de intervenções mais baratas e facilitadas.
Mas há quem questione o método do consórcio. Dr. Fernando Fernandes,
cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,
adverte: "Se sua carta de credito dá direito a uma cirurgia no valor
de R$ 20 mil, mas por uma fatalidade, você precisou ser encaminhado
a UTI por uma semana. Quem se responsabiliza por esta conta?".
Há outros pontos complicados nos
consórcios, em se tratando de algo delicado como uma cirurgia. "O
paciente seria induzido a escolher seu médico não pela confiança e
capacidade do profissional, mas pelo fato de aceitar ou não receber
pelo consórcio. Por que o consórcio não troca a carta de crédito
pelo valor em dinheiro para seu cliente ter a liberdade de fazer uso
como quiser? E ainda, se um cliente é sorteado num consórcio logo no
início do grupo, ele pode tirar o seu carro, mas se por algum motivo
ele não puder mais pagar as parcelas o bem está alienado ao
consórcio, como se faz no caso da cirurgia?", indaga Fernandes.
Bem de consumo?
O médico acredita que "esse processo
se interpõe na relação médico-paciente e trata a cirurgia plástica
como se fosse um bem de consumo, sem levar em consideração que o
"objeto" dessa relação é o ser humano".
Ainda na opinião do cirurgião, antes
de poder ser usado na prática, o consórcio tem que ser melhor
normatizado e tem que estar em acordo com o Conselho Federal de
Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB). O CFM proibiu a
participação de mediadores na relação médico paciente. O médico
poderá perder o diploma, se aceitar as cartas de crédito. Outro
ponto de vista contrário é o da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica, que não quer que essas empresas indiquem os médicos para
os pacientes.
As administradoras não podem garantir
que as cartas de crédito sejam aceitas pelos doutores, pois elas não
vendem um serviço específico e sim o valor do crédito. Elas se
defendem dizendo que não terão vínculos com médicos, e que o cliente
terá livre arbítrio para escolher.
O número de 1200 cirurgias feitas por
dia, registrado no ano passado, pode aumentar com a nova
possibilidade de parcelamento. Segundo dados da Sociedade Brasileira
de Cirurgia Plástica, 33% das cirurgias são de mama; 20% lipo; 15%
abdômen; 9% pálpebras; 7% nariz; 10% outros. A de mama ultrapassou
lipoaspiração nos últimos quatro anos.
A lei que permite os consórcios
atuarem nessa nova área entrou em vigor dia 6 de fevereiro, mas
ainda está em ajuste e causando polêmica.
O fato é que a cirurgia plástica
envolve riscos e todo cuidado, como exames, consultas médicas e
conversas com seu cirurgião para tirar todas as dúvidas, é pouco.
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Fonte:
br.noticias.yahoo.com
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