Vacina contra
câncer de próstata no Brasil
Um medicamento contra o câncer
de próstata desenvolvido pela Dendreon, uma empresa de biotecnologia
de Chicago, prolongou a vida dos homens que o usaram em um teste
clínico decisivo, anunciou a empresa na manhã de terça-feira.
Os resultados muito aguardados podem
abrir caminho para que o remédio, sob a marca Provenge, seja a
primeira dita "vacina" terapêutica contra o câncer a obter licença
nos Estados Unidos, depois de sucessivos fracassos em testes de
medicamentos desse tipo.
Vacinas terapêuticas como o Provenge
não têm por objetivo prevenir a doença, como o fazem as vacinas
usadas na infância. Operam, em lugar disso, como forma de treinar o
sistema imunológico do corpo a atacar o câncer, depois que o
paciente adoece.
"O teste parece ter provado o
conceito de que as vacinas contra o câncer podem funcionar e de fato
funcionam", disse Jeffrey Schlom, especialista em vacinas no
Instituto Nacional do Câncer.
Mas o sucesso do teste pode conduzir
à retomada das queixas sobre a Food and Drug Administration (FDA,
agência federal norte-americana que regulamenta alimentos e
remédios), que dois anos atrás se recusou a aprovar o Provenge
apesar de um de seus painéis de assessoria ter endossado o
medicamento.
A FDA informou que desejava mais
provas de que o remédio funcionava, e que esperaria pelos resultados
de um teste em curso. Os resultados desse teste foram anunciados na
terça-feira.
A decisão da FDA dois anos atrás
despertou sérias críticas entre pacientes de câncer de próstata e
investidores da Dendreon, que afirmaram que a agência não estava
sendo razoável e negava aos pacientes um tratamento que poderia
funcionar. As tensões se tornaram tão graves que houve um momento no
qual dois especialistas em câncer de próstata, que haviam
recomendado ao governo não aprovar o remédio, compareceram a uma
conferência acompanhados por guarda-costas, alegando que haviam sido
ameaçados.
"Por causa dessa demora, perdemos
alguns bons homens", disse na terça-feira Ted Girgus, de Bellingham,
Washington, que tem câncer de próstata em estágio avançado. Ele
classificou a decisão da FDA como "um soco no estômago". Girgus, 65,
é acionista da Dendreon, e disse que pacientes como ele estavam
"contemplando o abismo". "Sabemos quais são as nossas
probabilidades", disse. "Mas queremos ao menos uma chance".
Judy Leon, porta-voz da FDA, afirmou
que a agência compreendia e lamentava pelos pacientes, mas que era
necessário que os medicamentos cumprissem seus padrões de segurança
e eficácia.
A Dendreon não revelou os resultados
específicos de seu teste, anunciando que seriam apresentados em uma
conferência de urologia em 28 de abril. Isso deixou alguns analistas
incertos quanto ao desempenho efetivamente apresentado pelo
medicamento.
Mas Mitchell Gold, o
presidente-executivo do grupo, informou a analistas em uma
conferência que o resultado do teste era "decisivo" e atingia as
metas da empresa, e que a FDA havia concordado em que os resultados
eram compatíveis com os verificados em teste anteriores com o
Provenge.
Em entrevista Gold declarou que o
Provenge tinha de reduzir o risco de morte em 22%, comparado a um
placebo, para atender aos requisitos de significância estatística da
FDA.
As ações da FDA dispararam com a
notícia. Elas subiram em mais de 130% no dia, e fecharam em US$
16,99.
O teste envolvia 512 pacientes cujo
câncer se expandiu para além da glândula da próstata e que não mais
se beneficiavam de terapias cujo objetivo era privar os tumores de
testosterona.
Gold afirmou que cerca de 100 mil
homens recebem um diagnóstico desse tipo a cada ano. O único
tratamento aprovado para eles agora é o Taxotere, um medicamento de
quimioterapia da Sanofi-Aventis que prolonga o tempo médio de
sobrevivência em três meses, de acordo com os testes.
Mark Monane, analista da Needham &
Co., diz que as vendas do Provenge pode atingir entre US$ 500
milhões e US$ 1 bilhão anuais.
Vacinas contra o câncer do tipo que o
Provenge representa são diferentes das vacinas convencionais, porque
não visam a prevenir a doença e sim a estimular as defesas do corpo
a atacá-la depois que ocorre. A vacina contra o câncer de colo de
útero que já está em uso, Gardasil, é uma vacina preventiva mais
tradicional, que funciona porque o câncer de colo de útero é causado
por um vírus.
Os proponentes dizem que as vacinas
contra o câncer baseadas em imunoterapia podem ser forma mais
precisa de atacar o câncer do que o bombardeio de tumores com
venenos, como se faz em um tratamento quimioterápico.
Em um teste anterior, os homens que
receberam o Provenge viveram em média 25,9 meses, ante 21,4 meses
para aqueles que receberam o placebo. Ao final de três anos, 34% dos
homens que usaram o Provenge continuavam vivos, ante apenas 11%
daqueles que usaram o placebo.
Com base nesses resultados, um painel
de assessoria da FDA, em reunião realizada em março de 2007, votou
por 13 a quatro que havia "provas substanciais" de que o medicamento
funcionava, e por 17 a zero que ele era seguro.
Ainda assim, alguns dos integrantes
do comitê afirmaram que as provas eram um tanto fracas porque o
teste havia envolvido apenas 127 homens e seu objetivo era medir
algo diferente - não se o Provenge prolongava a vida, mas se ele
retardava o agravamento do câncer. E o remédio não atingiu esse
segundo objetivo de maneira estatisticamente significativa. Dois
meses mais tarde, a FDA se recusou a aprovar o Provenge, alegando
que mais dados eram necessários.
Leve o as Notícias para o seu site ou
blog
Fonte:
noticias.terra.com.br
Veja historial completo das
notícias destacadas
|