Apesar da exigência chinesa, os dois
países registraram grande melhora em suas relações após décadas de
inimizade. O presidente taiwanês Ma Ying-jeou estreitou as relações
comerciais e culturais entre os dois partidos, o que se tornou a
marca de seu governo de 15 meses. O líder espiritual tibetano
afirmou que a visita tem propósitos humanitários e que não havia
agenda política, embora em suas declarações ele tenha encorajado
Taiwan a preservar sua democracia.
Ajoelhando-se no chão do que outrora
foi a vila agrícola de Shiao Lin, dalai-lama fez orações para os
cerca de 500 moradores da vila que morreram nos deslizamentos de
terra provocados pelo Tufão Morakot no início deste mês. A vila foi
reduzida a um amontoado de lama e pedras. No total, cerca de 670
pessoas morreram por causa do tufão.
Por volta de 50 ex-moradores de Shiao
Lin voltaram ao local para recepcioná-lo, muitos usando camisetas
com fotografias da vila antes dos deslizamentos de terra. O
dalai-lama também fez breves declarações sobre a tragédia e sobre o
convite para sua viagem. Ele disse que tem a responsabilidade moral
de visitar as vítimas e que não estava desapontado com a recusa do
presidente em recebê-lo. "Esta é uma visita humanitária", disse ele.
"Da minha parte, não há agenda política". "De qualquer forma, Taiwan
deveria ter ligações próximas e únicas com a China continental, mas
ao mesmo tempo também deve buscar a democracia e a prosperidade",
acrescentou.
Críticas
A China faz duras críticas ao
dalai-lama por aquilo que afirmam ser sua luta pela independência do
Tibete, sob domínio do governo comunista chinês há décadas. Mas, em
vez de criticar Ma Ying-jeou pela visita, o porta-voz do Escritório
de Assuntos Taiwaneses criticou o partido opositor, o Progressivo
Democrático, por seus "motivos velados para instigar o dalai-lama,
que já há muito tempo está engajado em atividades separatistas, a
visitar Taiwan". A oposição convidou o líder espiritual para
confortar as vítimas do tufão.
Mas nem todos em Taiwan receberam bem
o líder espiritual. Na manhã de hoje, cerca de 20 manifestantes se
reuniram do lado de fora do hotel onde ele está hospedado, dizendo
que o objetivo da visita não era levar conforto às vítimas do
desastre em Taiwan. "Eu adoro isso", disse o dalai-lama. "É uma
indicação da liberdade de expressão. É maravilhoso".