Dirigentes do PT,
ministros, senadores e deputados transformaram ontem o
lançamento da candidatura de José Eduardo Dutra ao comando
do partido numa manifestação de desagravo à ética petista.
Uma semana depois de o PT ter ajudado a absolver o
presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), os petistas
tentaram demonstrar unidade para reagir aos ataques da
oposição e defender a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff
(PT), pré-candidata da legenda à sucessão do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Marcado por discursos exaltados, o
ato da corrente "Construindo um Novo Brasil" - antigo Campo
Majoritário do PT - também acabou adquirindo tom de censura à saída
dos senadores Marina Silva (AC), de malas prontas para o PV, e
Flávio Arns (PR). Depois de dizer que para trabalhar no Senado era
preciso ganhar adicional de "insalubridade e periculosidade", a
senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do governo no Congresso,
afirmou não existir maior corrupção do que submeter a população à
miséria.
"Para os envergonhados que saíram do
PT, quero dizer que tenho muito orgulho de ser petista", afirmou a
parlamentar catarinense, sob aplausos da plateia. "Quando um partido
consegue enfrentar a crise diminuindo a pobreza, temos de ter
orgulho da ética petista." Ideli concluiu o seu discurso desejando
um Senado "menos insalubre e menos perigoso". Ex-presidente da BR
Distribuidora, Dutra chamou os que apontam o dedo para criticar a
perda de substância ética do PT de "profetas do apocalipse". Depois,
citou todos os presidentes do PT, desde a fundação do partido, para
dizer que quer estar à altura deles.