De acordo com a psicóloga,
antigamente o estresse era confundido com um chilique ou um ataque
de nervos. Hoje, diz ela, os médicos já estão aptos a reconhecer os
sintomas e até a população sabe identificar o problema. "Perguntamos
a 350 pessoas se sentiam que estavam estressadas e em que nível,
numa escala de 1 a 5. Ficamos surpresos de verificar que a grande
maioria conseguia se autodiagnosticar. Tivemos uma concordância de
cerca de 80% entre a autopercepção e o diagnóstico dado por
especialistas".
Com relação às profissões, estariam
mais propensos ao estresse os policiais, juízes e pilotos de avião,
afirma Marilda. E quem é mais estressado, o homem ou a mulher?
Segundo ela, o estresse chega a ser duas vezes mais frequente no
sexo feminino, independentemente das camadas sociais e faixas
etárias.
"Há várias razões para isso, uma
delas pode ter raiz na maneira como a sociedade trata a mulher desde
criança, sempre disponível para atender às demandas de terceiros",
explica. "Outra possibilidade seria a sobrecarga de trabalho. Ainda,
surge como hipótese a forma como ela lida com os fatores de
estresse. O homem, em geral, é "mais objetivo", parte logo para a
resolução do problema. A mulher, muitas vezes, sofre e rumina os
problemas, vivendo-os inúmeras vezes".
Como prevenção, o importante é saber
utilizar, quando necessário, estratégias de enfrentamento, que podem
ser aprendidas em qualquer momento da vida. Uma maneira eficaz,
recomenda a psicóloga, é adotar hábitos de vida adequados - como a
prática de esportes, passatempos, leitura, o autocuidado - e, acima
de tudo, cultivar bons pensamentos. "Quando algo inevitável ocorrer
em sua vida, tente dar a interpretação mais otimista possível. Não
se recrimine por erros cometidos, nem fique agoniada com
expectativas de que tudo vai dar errado. Mantenha sempre uma visão
positiva e realista da vida, dos outros e de si própria. Esperar
demais de qualquer um é, inevitavelmente, se expor a uma grande dose
de decepção e estresse."
Em pequenas doses, o estresse melhora
o desempenho e aumenta a produtividade. Porém, quando persiste e
torna-se crônico, pode ter efeitos devastadores para a saúde e o
bem-estar. Segundo o neurologista Rodrigo Schultz, professor de
neurologia da Universidade Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, o
estresse é sempre associado a coisas ruins, mas, na verdade,
torna-se positivo ou negativo de acordo com a percepção de cada um.
"Viver sob pressão é regra da vida moderna, e isso se aplica a
crianças, jovens e adultos, principalmente na faixa dos 25 aos 40",
diz ele, apontando algumas das preocupações frequentes hoje, como
estudo, trabalho, dinheiro, saúde.
O gatilho do estresse é acionado
quando a pessoa se defronta com uma situação de ameaça, seja ela
objetiva ou subjetiva. "As glândulas suprarrenais são, então,
encarregadas de fabricar os hormônios relacionados ao estresse:
adrenalina, noradrenalina e cortisol." Com isso, pode ocorrer falta
de ar, tensão muscular, taquicardia e aumento da pressão arterial e
das taxas de colesterol.
Fazer algum tipo de atividade física
ajuda, mas, segundo o médico, é preciso organizar as atividades,
executando-as por ordem de urgência. "Não adianta começar alguma
tarefa, deixá-la pela metade, começar outra e assim por diante. Daí
o ditado: tudo a seu tempo. Também é fundamental se dedicar a um
hobby ou passatempo", comenta.
O estresse não causa doenças, mas sim
propicia o seu desenvolvimento, porque enfraquece o organismo e
reduz a resistência. No topo da lista, estão as doenças
cardiovasculares, como AVC (acidente vascular cerebral), enfarte do
miocárdio, crise de hipertensão. "Também facilita o surgimento de
resfriados, infecções e tumores." Podem ocorrer casos de depressão,
pânico, medo de sentir medo (quando a pessoa sofre só de pensar que
pode passar por um assalto, por exemplo) e transtorno de estresse
pós-traumático.
Quanto ao tratamento, informa o
médico, varia caso a caso e de acordo com os níveis do estresse. A
medicação é indicada em situações críticas ou agudas, quando entram
os antidepressivos, que propiciam solução imediata. "Mas vale
lembrar que a vida nos submete a pressões cada vez maiores e não se
pode tomar remédios a vida toda. É preciso aprender a lidar com as
tensões."
Cientistas dos Estados Unidos afirmam
que ouvir música pode ajudar no tratamento de pessoas que sofrem com
estresse associado a doenças coronárias. Sendo assim, a música teria
o poder de diminuir a pressão arterial, o ritmo cardíaco e os níveis
de ansiedade nesses pacientes. A coordenadora do Curso de
Musicoterapia da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), Maristela
Smith - formada em Musicoterapia pelo Centro Universitário do
Conservatório Brasileiro de Música e com mestrado em Psicologia pela
Universidade São Marcos -, endossa os benefícios da música para a
saúde física e mental. "É utilizada para aumentar, manter ou
restaurar um estado de bem-estar. Os especialistas veem vários
benefícios, como melhora da coordenação motora, redução da
ansiedade, do sentimento de solidão e da depressão, reforço no
sistema imunológico e estímulo ao convívio social", explica.
Que tipo acalma? Se você pensou
exclusivamente em música clássica, errou. Segundo Maristela, não há
um receituário. Cada pessoa traz na sua bagagem de vida um
repertório musical e afetivo próprios. "Pegue um caderno e faça uma
lista, anotando por ordem de importância músicas que marcaram sua
vida, quando tinha 5 anos, 15 anos, o primeiro beijo ou quando se
casou, e faça um CD. Leve na bolsa, ouça no trânsito ou mesmo faça
uma pausa no escritório. Bastam dez minutos por dia para
restabelecer a calma."
Algumas dicas ajudam a potencializar
os efeitos da música. "Existe uma grande diferença entre ouvir e
escutar. É fundamental escolher um ambiente calmo, sem
interferências de ruídos, de forma que se processe os sons
mentalmente", recomenda.
Segundo Tereza Mello, da ONG Brahma
Kumaris, a meditação raja ioga consiste na criação de pensamentos
construtivos e elevados, de natureza espiritual, visando a
estabelecer um estado mental de harmonia e tranquilidade interna.
"Fisicamente, nos sentimos mais dinâmicos e leves e, mentalmente, a
clareza aumenta."
Ter um ambiente propício para se
concentrar ajuda bastante, mas não é pré-requisito, uma vez que o
mais importante é manter uma atitude positiva. Quanto ao tempo
dedicado à meditação, depende do que o praticante quer alcançar.
"Para os iniciantes, é aconselhável dez minutos por dia. Depois esse
tempo vai aumentando gradualmente."
Atenção à respiração: "Na medida em
que a velocidade dos pensamentos é reduzida, podemos eliminar as
inutilidades internas e, com isso, naturalmente, a respiração
torna-se mais lenta." Para quem quiser saber mais a respeito, a ONG
(www.bkwsu.org/brasil) oferece cursos mensais de meditação.
De acordo com a psicóloga Maria
Aparecida das Neves, educadora especializada em terapia complementar
e à frente da DisqFloral & Aromaterapia, os óleos essenciais são os
antioxidantes poderosos da natureza: varrem os radicais livres do
organismo, ajudando a manter o estado de bem-estar. "São grandes
aliados femininos, pois ajudam a limpar os sentimentos negativos e
emoções bloqueadas, eliminando a raiz que gera doenças ou condições
para que elas se manifestem."
Com anos de experiência em florais de
Bach, a terapeuta sugere a complementação do relaxamento
aromaterápico com música instrumental. "Acabamos de lançar um CD com
38 músicas compostas e executadas pelos músicos Adriano Grinberg e
Edu Gomes, feitas sob medida para cada uma das essências catalogadas
pelo médico inglês Edward Bach."
Quando se pensa em aromaterapia, um
item muito importante é checar a procedência dos óleos, uma vez que
sua absorção (por via respiratória e pela pele) é quase que
imediata, diz a terapeuta. Nem todas as pessoas têm informações de
como utilizá-los no dia a dia: "Para definir que óleo escolher,
primeiro é preciso fazer uma autoavaliação. Se a ideia é relaxar, o
mais conhecido é o de lavanda. Mas também podem ser usados os de
camomila romana ou bergamota."
É possível beneficiar-se dos óleos
essenciais por meio de inalação a vapor, vaporização no ambiente,
escalda-pés, banho aromático (na banheira) e automassagem
localizada. O óleo essencial deve sempre ser misturado ao óleo
vegetal de base. A diluição indicada é de 1 ml de óleo essencial
para 50 ml de óleo de base. O ideal é usar os óleos pela manhã ou à
noite, descansada.
O marroquino Amal Hanafi escolheu o
Brasil para divulgar as atividades da AYASPA, empresa especializada
no gerenciamento de spas de luxo. Segundo ele, a indústria do
bem-estar movimenta hoje mais de US$ 1 trilhão por ano, impulsionada
pelo estilo de vida cada vez mais estressante e por perspectivas
mundiais de longevidade. Hanafi quer apresentar aos brasileiros um
novo conceito, em voga entre os europeus: "Com origem no Marrocos, o
hammam é um ritual ancestral de limpeza e purificação do corpo e da
alma. A palavra vem de 'hamma' (esquentar, em árabe) e oferece um
relaxamento com aromaterapia, esfoliação, máscara e massagem
drenante." Os cariocas serão os primeiros a desfrutar do relax de
luxo.