O Instituto Alana, organização sem
fins lucrativos que desenvolve atividades voltadas à defesa dos
direitos da criança e do adolescente, foi o autor da representação
que resultou na abertura do inquérito. Segundo a coordenadora-geral
do projeto Criança e Consumo da entidade, Isabella Henriques, as
crianças que leem os gibis ainda não têm maturidade para diferenciar
o que é e o que não é publicidade e, por isso, sofrem influência
direta da publicidade na formação. "Só a partir dos 12 anos é que a
criança vai entender o caráter persuasivo da publicidade. Você está
estimulando o consumo excessivo e traz valores materialistas. O que
parece muito inocente é prejudicial para as crianças", afirma
Isabella.
Para defender a tese de que essas
publicidades influenciam as crianças, Isabella diz que há vários
dispositivos legais que proíbem a propaganda voltada para as
crianças. "A lei existe, resta cumprir. É mais fácil vender para uma
criança", finaliza.
O artigo 37 do Código de Defesa do
Consumidor proíbe qualquer tipo de publicidade enganosa ou abusiva e
repudia a mensagem publicitária que se aproveita da deficiência de
julgamento e experiência da criança.
De acordo com a posição do instituto,
o Conselho Federal de Psicologia enviou um parecer ao MP dizendo que
o leitor acaba se limitando a tudo que se diz respeito aos
personagens da Turma da Mônica para se divertir e consumir. Para o
Conselho Federal, o gibi deve se restringir ao objetivo inicial, que
é divertir o pequeno leitor e o fazer ler.
A assessoria de Mauricio de Sousa
disse que por enquanto ele não quer falar sobre o caso. Mauricio
terá que prestar esclarecimentos ao MP, que poderá mandar retirar a
publicidade dos gibis.