Amigo de Sarney, ex-ministro no seu
governo e companheiro de Academia Brasileira de Letras (ABL), o
senador Marco Maciel (DEM-PE) será um dos integrantes do grupo
escalado para convencer o presidente do Senado a abrir mão do cargo.
Maciel terá a missão de explicar a Sarney o risco de constrangimento
que sofrerá em plenário se insistir em permanecer no comando do
Senado.
Procurado ontem pelo jornal O
Estado de São Paulo, Maciel confirmou as conversas com seus
colegas, mas evitou qualquer previsão. Na avaliação dele, o dia
decisivo para a crise será amanhã, quando a maioria dos
parlamentares estará presente em Brasília. "Conversei com alguns
senadores, mas tudo informalmente", contou. "Não falei com o
presidente Sarney. Nada se materializou ainda. Não tenho nada a
declarar, é preciso sentir o clima até terça-feira."
Senadores contrários a Sarney
articulam um boicote nas sessões em plenário caso ele fique na
presidência e o Conselho de Ética arquive as cinco representações e
seis denúncias protocoladas - referentes a nepotismo, envolvimento
em atos secretos e desvio de recursos da Petrobras pela Fundação
José Sarney. "Não terá como fazer votação. O presidente Sarney vai
perceber isso", disse Cristovam Buarque (PDT-DF). "Não é golpe. É um
direito nosso de não ir às sessões. Um desconhecimento à autoridade
do senador. Ele não tem mais condições de continuar."
Sarney retornou ontem a Brasília,
depois de passar mais de uma semana em São Paulo, onde sua mulher,
dona Marly, fez uma cirurgia após uma fratura no ombro. Ele pretende
comandar hoje a primeira sessão de retorno aos trabalhos, mas deve
retornar a São Paulo até amanhã para acompanhar sua mulher, que
permanece em repouso na capital paulista.
Censura
Na sexta-feira, o desembargador Dácio
Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, atendeu a um
pedido de Fernando Sarney e pôs o jornal O Estado de São Paulo
sob censura, proibindo o jornal de publicar os diálogos gravados
pela Polícia Federal com autorização judicial na Operação Boi
Barrica, que investiga o filho do presidente do Senado. A iniciativa
do clã Sarney de tentar censurar a imprensa só agravou a situação
política do senador entre os colegas, que aumentaram a pressão para
que renuncie.