A resposta, porém, não é tão clara
quanto parece. Pois o netbook serviria como um computador
ultraportátil para facilitar a edição de documentos, planilhas ou
fazer pleno uso dos recursos da internet, como o e-mail e vídeos, em
uma tela ainda menor. E o smartphone, por sua vez, seria mais
indicado para quem precisa de comunicação móvel, seja pela internet
ou pelo telefone, além de trazer de quebra vários recursos, como
câmera fotográfica, rádio, GPS.
Para a maior parte das pessoas,
produtividade e conectividade são necessidades que andam juntas,
seja no mesmo equipamento ou em dois separados. É por isso que
netbooks e smartphones ainda são aparelhos bastante distintos que
acabam se complementando.Embora tenham pontos em comum, quem usa
netbook sabe que ele é mais um PC do que qualquer outra coisa. Ou
seja, é usado quando a pessoa realmente precisa estar focada no
trabalho.
Com o smartphone é diferente. A
qualquer momento, ele serve de apoio para consultar informações de
um jeito rápido, o que normalmente é a maior necessidade quando
alguém está fora do escritório ou de casa, longe de um computador.
"O consumidor ainda não compara
netbook ao smartphone na hora de comprar um deles. Mas num futuro
próximo vai ter essa dúvida, sim. E acredito que o netbook vai se
sair pior porque ainda será menos móvel que um smartphone", afirma
Marcelo Zenga, diretor de marketing da Palm no Brasil, empresa que
começou fabricando computadores de mão e se viu obrigada a entrar no
mercado de celulares. Deve-se levar em consideração uma certa
parcialidade na opinião de Zeng, pois sua empresa trabalha
justamente com smartphones.
Entre as empresas ouvidas, foi
difícil alguma citar um dispositivo diferente dos que elas oferecem
atualmente. A exceção foi a taiwanesa Asus. O gerente de marketing
da companhia no Brasil, Marcel Campo, disse que "o smartphone tem
tudo para ser o grande companheiro digital do futuro. Mas a
tecnologia ainda precisa evoluir bastante para que possamos
aposentar por completo outros dispositivos". É bem verdade hoje o
uso complementar dos dois aparelhos é bastante comum.
O estudante Danilo Braga, de 20 anos,
é um exemplo. Ele estava insatisfeito com apenas o seu N95 até que
ganhou um netbook MSI Wind. A performance do aparelho lhe
surpreendeu e conquistou, virando seu inseparável companheiro nas
aulas da faculdade. Atualmente, ele anda pra cima e pra baixo com um
HP Mini 1000. A troca se deu devido a busca por mais portabilidade.
Apesar de estar bastante satisfeito com a máquina ele gostaria de um
modelo que tivesse a tela um pouco maior. "O teclado nunca me
incomodou, já a tela com o uso prolongado acaba sendo
desconfortável", conta Braga que usa o N95 como modem 3G do seu
netbook.
Netbooks e smartphones podem atender
a diferentes necessidades, mas os consumidores já começaram a
perceber a semelhança entre os aparelhos e, sua rotina.
Paulo Martins Reis, financista em São
Paulo, diz que o smartphone resolve 80% das atividades que ele
precisa. E não são poucas. Reis usa o celular para guardar dados
completos dos clientes, guarda e envia formulários de contratos,
além de responder e enviar e-mails. E os outros 20%? Paulo se lembra
de uma vez em que o aparelho não resolveu. "Encontrei um cliente em
uma loja e tive de usar o computador de lá e pedir para a secretária
enviar os contratos por e-mail", conta. Por isso, agora Paulo pensa
em substituir o notebook e o smartphone por um HTC Shift, um tipo de
netbook com cara de computador de bolso que roda até Windows Vista,
tem conexão 3G e conta com até 60 GB de HD.
A verdade é que o smartphone continua
sendo um canivete suíço, com diversas utilidades. Mas, para
trabalhar mesmo, só um aparelho com cara de computador dá conta.
Tiago Murakami, de 27 anos, que tem um smartphone e um netbook, diz
que o telefone é bom para acessar a internet, usar o GPS e ainda
serve como modem 3G para o netbook. Mas, para publicar posts no seu
blog, trabalhar em um documento ou assistir ao curso que faz, à
distância, só mesmo com o netbook.
"Quando não tinha nenhum dos dois,
preferi optar pelo smartphone, pois o uso é muito mais intenso e
justificaria o investimento. É só tirar ele do bolso e usar. O
netbook não tem essa mobilidade. É para usar quando você sabe que
sentará em um lugar por um bom período", afirma Tiago.