O líder venezuelano afirmou que "não
há possibilidade" de reparar as relações com o governo colombiano.
Ele deu instruções a seu ministro de Relações Exteriores, Nicolás
Maduro, para que comece a preparar a ruptura com o vizinho. "Vamos
nos preparando, porque essa burguesia colombiana nos odeia e já não
há possibilidade de um retorno."
A Venezuela e a Colômbia discutem há
mais de um mês as negociações entre Bogotá e Washington, que
permitiriam às forças norte-americanas ampliar sua presença em sete
bases colombianas, por meio de um acordo de dez anos. Chávez já
mandou seus militares se prepararem para um possível enfrentamento e
anunciou planos para comprar dezenas de tanques russos, a fim de
aumentar a capacidade militar do país. Também ordenou o fim dos
envios de combustíveis à Colômbia e a substituição de importações de
bens e serviços do vizinho.
A Venezuela importa da Colômbia uma
ampla variedade de produtos, em particular alimentos. Para compensar
a perda, Chávez prevê aumentar as importações de produtos de outros
países, como Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e
Nicarágua. A balança comercial entre Venezuela e Colômbia alcançou
no ano passado US$ 7,2 bilhões, sendo bastante favorável aos
colombianos, segundo dados oficiais.
Narcotráfico
As autoridades colombianas e
norte-americanas dizem que o acordo militar é necessário para se
combater com maior efetividade o narcotráfico e o terrorismo. Chávez
qualificou a Colômbia como um "narco-Estado", afirmando que a
liderança política do país "vive" do comércio da cocaína. "O governo
colombiano não está interessado em acabar com o narcotráfico porque
é um narco-Estado e sua economia é uma narco-economia. Isso é uma
verdade que se pode demonstrar com cifras." O líder venezuelano
afirmou que o acordo com Washington é uma "declaração de guerra
contra a revolução bolivariana e assim o assumimos", disse,
referindo-se a seu projeto político socialista.
A relação entre Bogotá e Caracas
entrou em crise em novembro de 2007, após Uribe retirar Chávez da
mediação para a troca de reféns por prisioneiros das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc). O pior momento foi em março de
2008, quando tropas colombianas atacaram um acampamento das Farc em
território equatoriano, atitude que levou a críticas iradas do
venezuelano. A cúpula extraordinária da Unasul deve ter o pacto
entre Bogotá e Washington como tema principal, com Uribe presente
defendendo seus pontos de vista.