No movimento, a pressão da bola
massageia toda a região lombar, relaxando os músculos enrijecidos
pelos ensaios, aulas de dança ou por qualquer estresse do dia a dia.
Noronha incorporou a automassagem à
sua rotina há tempos, e não só por causa da profissão. "Por muito
tempo, tive problemas na coluna. Com a automassagem, conseguia
diminuir os sintomas", afirma.
Os benefícios não são apenas para
quem tem algum problema de saúde, e a prática não exige um
conhecimento tão aprofundado de técnicas corporais como o da
bailarina.
Ao contrário, um dos trunfos da
automassagem é que ela está, literalmente, à mão de qualquer um. E
pode ser feita sem hora marcada e sem custos.
Exige alguma prática e habilidade?
Segundo os especialistas, não necessariamente. "Quando sentimos
alguma dor, instintivamente passamos a mão no ponto dolorido. A
automassagem, em sua forma mais simples, é justamente deslizar,
friccionar ou fazer certa pressão com as mãos e os dedos nos
músculos", diz a fisioterapeuta Paula Nina, da Luiza Sato Shiatsu,
clínica de terapias corporais de São Paulo.
A fisioterapeuta Paula Bachi, da
academia Bio Ritmo, acredita que todo mundo pode tirar proveito da
automassagem --e, de preferência, deve fazê-la todos os dias.
"Problemas corriqueiros, sobrecarga por exercício, tudo isso acaba
enrijecendo os músculos. Quando você se massageia, sabe onde
necessita relaxar e o quanto de pressão exercer para não causar
dor."
Claro que aprender algumas técnicas
ajuda. Michelly Eggert, professora do curso de naturologia da
Universidade Anhembi Morumbi, afirma que a automassagem é um
complemento de massagens aplicadas por profissionais. "Ela funciona
como manutenção do bem-estar obtido em uma massagem profissional.
Mas é importante a pessoa aprender os movimentos exatos para
alcançar esses efeitos", diz Eggert.
O massoterapeuta Sidney Donatelli, da
Associação de Massagem Oriental do Brasil, que oferece cursos de
automassagem com técnicas baseadas na medicina tradicional chinesa,
esclarece que há pontos específicos para se exercer pressão ou
fricção, mas os movimentos são simples e não é obrigatório fazer um
curso para poder se automassagear.
"Todo mundo pode fazer. A
automassagem tem um sentido profilático, ajuda a manter a saúde e a
prevenir doenças. Ela pode melhorar pequenos sintomas, como dores
musculares ou cefaleia tensional. Se esses sintomas forem
recorrentes ou muito agudos, é preciso o acompanhamento de um
profissional", diz Donatelli.
Ao se automassagear, a pessoa
dificilmente ultrapassa os limites do corpo, porque naturalmente
diminui a intensidade da massagem ao sentir dor ou desconforto. E,
conforme incorpora a prática à rotina, vai aumentando a consciência
corporal. Além disso, dedicar um tempo a si próprio, concentrar-se
em partes de seu corpo e respirar mais lentamente já induz um estado
de relaxamento.
Contra a tensão
Para Marcos Freire Jr., autor do
livro "Automassagem e Medicina Chinesa" (ed. Mauad, 144 págs., R$
40), a automassagem pode começar com o toque físico, mas, ao fazê-la
regularmente, a pessoa acaba desenvolvendo a concentração em seu
corpo e na respiração e aprende a distinguir os pontos de tensão e o
que leva ao enrijecimento dos músculos.
O efeito mais evidente é na tensão
muscular, auxiliado pela produção de calor no local massageado,
segundo Eggert, mas ela também acredita que os efeitos não físicos
são os mais importantes. "A automassagem apresenta mais benefícios
do que contraindicações", diz.
As condições que contraindicam ou
limitam a aplicação da massagem também se aplicam à automassagem.
Pessoas com lesões na pele ou nos músculos, inflamações dos tendões,
trombose venosa ou câncer não devem se massagear sem receber o aval
do médico e orientação sobre como aplicar a técnica.
"São situações em que determinados
pontos do corpo não podem ser estimulados, o que torna a massagem
arriscada se não for acompanhada por um profissional de saúde", diz
Nina.
Quando não há impedimento, cerca de
20 minutos de automassagem são suficientes para promover relaxamento
e melhorar a organização do corpo. "Quem quiser e tiver
disponibilidade, pode fazer uma sessão completa, dos pés à cabeça,
que leva cerca de 50 minutos.
Se isso não for possível, a pessoa
pode automassagear apenas as áreas que estão mais tensas ou
doloridas. Mas 15 minutos é o mínimo para as redes neurais receberem
os estímulos dos toques na pele e nos músculos", diz Donatelli.
Óleos e cremes hidratantes podem ser
usados para ajudar no deslizamento ou na fricção das mãos sobre os
músculos e aumentar a sensação de bem-estar. Porém, se a técnica de
automassagem for a de pressionar pontos específicos com as pontas
dos dedos, é melhor não usar nada, segundo Donatelli.
Além dos produtos comerciais comuns,
podem ser usados óleo base para massagem ou creme hidratante neutro
e sem aroma acrescidos de óleos essenciais com propriedades
específicas. "O óleo essencial de lavanda é muito relaxante. O "lemon
grass" [capim-santo] aumenta a vascularização do tecido muscular. Já
o óleo essencial de alecrim, que também melhora a circulação e
promove aquecimento do músculo, deve ser evitado por pessoas com
problemas vasculares e hipertensão", exemplifica Eggert.
Há também alguns massageadores
manuais ou elétricos à venda no mercado. Mas os iniciados em
automassagem preferem usar acessórios como bolinhas de tênis e
pedaços de bambu, que não foram feitos especificamente para
massagem, mas costumam ser eficazes para relaxar os músculos ou
estimular pontos específicos do corpo.