"Conclamo todos os líderes mundiais
(...) a este esforço", disse à imprensa poucas horas antes de partir
para Copenhague para participar da conferência mundial sobre o
clima.
"(...) Não há mais tempo para poses
ou para apontar culpas", acrescentou.
COPENHAGUE (AFP) - Os países
africanos, apoiados pelos outros países em desenvolvimento,
suspenderam por algumas horas sua participação nesta segunda-feira
em vários grupos de negociação na conferência sobre mudanças
climáticas de Copenhague, mas voltaram às mesas de discussão após
terem sido atendidos em suas reivindicações.
A suspensão foi um protesto já que
consideram que os países ricos estão em divergências a respeito do
Protocolo de Kyoto, o único instrumento internacional atualmente
existente para lutar contra o aquecimento global, que impõe
obrigações às nações desenvolvidas ao mesmo tempo em que protege os
países em desenvolvimento.
"A África soou o sinal de alerta para
evitar que o trem descarrile ao fim desta semana. Os países pobres
querem um resultado que garanta importantes reduções das emissões.
Os países ricos, no entanto, estão tentando atrasar as discussões
sobre o único mecanismo que dispomos para isto, o Protocolo de
Kyoto", afirmou Jeremy Hobbs, diretor executivo da ONG Oxfam
International.
A possibilidade de que a COP15 acabe
num estrepitoso fracasso em função das divergências entre os países
industrializados e em vias de desenvolvimento parece cada vez mais
real diante desse quadro, faltando apenas cinco dias para o fim da
reunião.
O Protocolo de Kyoto impõe reduções
obrigatórias das emissões de gases causadores do efeito estufa aos
países industrializados, mas não às nações em vias de
desenvolvimento. Sua primeira fase de metas expira em 2012, e a
cúpula de Copenhague tem como objetivo primordial aprovar novas
metas e intensificar a ação internacional de combate às mudanças
climáticas para depois desta data.
Os países em desenvolvimento defendem
a manutenção do Protocolo de Kyoto, com uma segunda fase de
compromissos a partir de janeiro de 2013. No entanto, alguns países
ricos - como os Estados Unidos - preferem elaborar um novo tratado,
com bases diferentes.
Os EUA, que nunca ratificaram Kyoto,
consideram que o Protocolo é injusto porque não estabelece
obrigações para as grandes potências em desenvolvimento, como
Brasil, China e Índia, responsáveis por uma grande parcela das
emissões mundiais de CO2.
A ministra dinamarquesa do Meio
Ambiente Connie Hedegaard, que preside a conferência, se reuniu na
tarde desta segunda-feira com os diretores do grupo de países
africanos para tentar chegar a uma solução, segundo um delegado
africano.
De acordo com o ministro ocidental, a
retirada do G77 dos grupos de negociação resultou também no bloqueio
dos trabalhos de uma reunião informal de ministros do Meio Ambiente
sobre os pontos mais complicados de um futuro acordo - que incluem a
redução das emissões dos países desenvolvidos e em vias de
desenvolvimento, o financiamento, as medidas de fiscalização das
metas, os mecanismos de mercado e os objetivos a longo prazo.
Além de Lula, vários chefes de Estado
latino-americanos chegarão à capital dinamarquesa para participar da
cúpula na quinta e sexta-feira.
Segundo o programa da conferência,
devem assistir às discussões o presidente venezuelano, Hugo Chávez,
mexicano, Felipe Calderón, boliviano, Evo Morales, colombiano,
Alvaro Uribe, e argentina, Cristina Kirchner.