Bom, no meio disso tudo veio um
motoboy entregar um presente para mim aqui em casa. Era um buquê de
flores com uma caixinha. Fiquei curiosa, e quando abri a caixinha
encontrei um celular lá dentro. Um celular novinho, com chip e tudo,
junto de um bilhete avisando que aquela pessoa iria me ligar e se
declarar mais tarde.
Mas eu fiquei assustada com aquilo.
Tava tudo muito recente, pensei que podia ser sacanagem de alunos da
faculdade querendo me zoar, me xingar, fiquei com medo. Assinei o
que tinha que assinar e mandei o motoboy levar tudo de volta.
Mas, depois, percebi que aquilo não
foi sacanagem e que fiz um julgamento errado. Achei super criativa a
forma com que ele se aproximou de mim, mas agora não sei como
encontrar essa pessoa! Só acho que ele não esperou o tempo
necessário, eu ainda estava assustada, se fosse hoje eu aceitaria.
Desde que aconteceu tudo isso em
minha vida venho recebendo muitos xavecos, de motoristas de
emissoras a jornalistas. Mas o que realmente mexeu comigo foi este
do celular. Me ajuda a encontrar?
Dica do Rampa
Ajudo! Aliás, vai que o bonitão tá lendo a coluna agora. Se joga,
parceiro!
Seguinte: o xaveco foi realmente bom.
A pirotecnia (no caso, a célula com chip dentro da caixinha) é muito
bem-vinda quando vem a serviço da comunicação. E nesse caso veio. O
xaveco costurou todo um roteiro de suspense e expectativa, "será que
ele vai ligar mesmo?", "como será sua voz?", "o que irá dizer?".
Ponto pro sujeito. Seu único erro foi exatamente aquele apontado por
Geyse: ele se precipitou. A vida da moça ainda estava um turbilhão,
se ele queria mesmo xavecar naquele dia, deveria ter pensado nisso e
dito no bilhete algo como: "Fique tranquila que isso não é
brincadeira de mau gosto. Apenas atenda e me dê uma única chance".
Em xavecos anônimos, passar confiança de alguma maneira é bem
importante.