O Vaticano divulgou um comunicado na
sexta-feira dizendo que o papa se sentiu "traído, envergonhado e
ultrajado" por causa do escândalo e iria escrever ao povo irlandês
sobre o abuso sexual.
Mas Sinead, que certa vez irritou
católicos ao rasgar uma foto de João Paulo 2o ao vivo na televisão,
disse em uma carta publicada em um jornal britânico que o papa se
manteve em silêncio por tempo demais sobre o abuso sexual infantil.
"Eu exijo que o papa renuncie por seu
silêncio desprezível sobre a questão e seus atos de não cooperação
com o inquérito", escreveu O'Connor em uma carta ao jornal The
Independent, publicada antes de uma reunião entre líderes da igreja
irlandesa e o papa no Vaticano.
"Os papas não tiveram problemas em
dar suas opiniões quando quisemos pílulas anticoncepcionais ou o
divórcio", disse Sinead.
"Não tiveram problema em criticar o
Código Da Vinci. Nenhum problema em criticar Naomi Campbell por usar
uma cruz adornada com joias. Mas quando se trata dos males feitos
por pedófilos vestidos de padres, eles ficam em silêncio. É
grotesco, inacreditável, bizarro e inédito. Eles não defendem nada
além do mau."
A Igreja da Irlanda, país de maioria
católica, foi abalada por dois relatórios este ano sobre abusos
sexuais. O Relatório da Comissão Murphy, divulgado em 26 de
novembro, revelou que a Igreja havia escondido o abuso sexual
"obsessivamente" de 1975 a 2004.
Sinead, cuja canção de 1990 "Nothing
Compares 2 U" foi sucesso no mundo todo, provocou polêmica na
Irlanda quando um grupo católico dissidente ordenou-a sacerdotisa em
uma cerimônia em Lourdes há 10 anos.