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Cadeira de rodas movida pelo cérebro

 

Cadeira de rodas movida pelo cérebro

Pesquisadores italianos apresentaram uma cadeira de rodas inteligente, capaz de se mover dentro da casa do usuário de acordo com seus impulsos cerebrais. A cadeira de rodas motorizada é equipada com dois computadores de bordo, que analisam as ondas cerebrais e orientam o movimento, com o auxílio de câmeras e dispositivos espalhados pela casa.

Os pesquisadores acreditam que a cadeira, que poderá ser usada por pessoas com diferentes graus de deficiência física e dificuldades de movimento, possa chegar ao mercado entre cinco a 10 anos.

Eles também dizem que o mesmo sistema poderá ser usado por cidades inteiras para permitir a locomoção de deficientes com a cadeira 'inteligente'.

O protótipo, resultado dos esforços de um time multidisciplinar que envolveu o Departamento de Bioengenharia, responsável pela decodificação dos sinais humanos, além do hospital San Camillo, em Veneza, e da clínica de reabilitação Maugeri, em Verona, foi construído pelo Departamento de Inteligência Artificial e Robótica do Politécnico de Milão e está em fases de testes de aperfeiçoamento.

O projeto experimental usa processadores de última geração, com baixo consumo de energia e que são integrados a um aparelho capaz de registrar graficamente as correntes elétricas do cérebro.

Dentro de um dos programas dos computadores foi inserida a planta de um apartamento. Os ambientes aparecem diante do usuário em uma tela no braço da cadeira.

As palavras "sala", "cozinha", "banheiro", "quarto", "primeiro andar" e "portaria" piscam continuamente. As opções luminosas estimulam a atividade cerebral. Ao se concentrar em uma das possibilidades, a pessoa altera os impulsos do cérebro. O sistema releva esta modificação através de eletrodos, a captura e a interpreta.

A função destes terminais - os eletrodos - é a de medir a atividade elétrica superficial do cérebro que, por via de uma pasta condutora de eletricidade, transmite os sinais ao computador.

"Eles estão presos em uma touca que cobre a cabeça do usuário, em posição central para receber os sinais que das áreas mais profundas do córtex cerebral", explica um dos pesquisadores, Bernardo Darseno. Uma interface entre o cérebro e o computador completa a operação.

"Uma das partes mais complicadas é a análise dos sinais do eletroencefalograma, pois são muito 'sujos', sofrem algumas interferências e são frágeis. O usuário precisa de muita concentração", explica o coordenador da pesquisa, Matteo Matteucci.

Os sinais capturados são transmitidos a uma calculadora. Eles contêm as informações sobre a reação de um indivíduo aos estímulos externos, no caso, o painel com as opções dos pontos de destino. Quanto maior for a quantidade de dados apurados e elaborados sobre um destino desejado pelo usuário, maior é a chance da cadeira de rodas tomar o rumo da opção escolhida.

Um gráfico estabelece o roteiro previsto da cadeira e o registra para poder ser consultado mais tarde após a execução do movimento. A cadeira de rodas inteligente ainda anuncia com a voz sintetizada o destino escolhido e, pouco depois, a chegada até a opção desejada.

A cadeira de rodas se orienta com o auxílio de uma câmera apontada para o teto do apartamento. Em cada ambiente existe um dispositivo fixado no alto. Eles são adesivos de plástico, diferentes uns dos outros, que permitem a exata localização do usuário, em tempo real.

"Neste programa colocamos não apenas a disposição dos ambientes como também todos os objetos e barreiras espalhados pela casa, como mesas, cadeiras, colunas e paredes.

Dois sensores a laser, instalados na frente da cadeira, reconhecem obstáculos imprevistos, como a passagem de uma pessoa. Dependendo da distância ela pode parar ou desviar, se houver espaços para a manobra. Ninguém corre o risco de ser atropelado", explica o professor Matteo Matteucci.

Todo o sistema, alimentado por uma bateria, pode ser operado de três maneiras: através do touch screen , quando o usuário toca com as mãos o lugar onde quer chegar; o de viva-voz com os comandos dados através da fala; e o cérebro-computador, o mais sofisticado e complicado.

Para os cientistas, o desafio para o futuro é equipar cidade inteiras para que esta realidade possa ganhar as ruas. "Em linha de princípio, sim, a chance existe... Em casa usamos marcadores no teto e isso ajuda a dar um erro de localização de poucos centímetros. Não pode ter no exterior um erro nem de baixo padrão. Com o GPS temos alguns metros de erro. Estamos trabalhando para integrar o laser, o GPS e as câmeras para reduzi-los e levar a cadeira para o ambiente externo", explica o professor Matteo Matteucci.

Ele acredita que a cadeira com a interface cérebro-computador possa chegar ao mercado entre cinco e 10 anos, depende do volume de investimentos a ser feito.

O protótipo foi feito após três anos de pesquisa e custou cerca de 30 mil euros, investidos pelo Politécnico de Milão, Região Lomabardia e Instituto Italiano de Tecnologia. Ele faz parte de um projeto europeu com diferentes unidades de pesquisa em andamento na Suíça e na Alemanha. A China já possui um protótipo e outros países pesquisam soluções semelhantes.

Na Itália, segundo dados oficiais do governo, existem cerca de 1,2 milhão de pessoas com dificuldade de movimento.

Fonte: noticias.terra.com.br

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