Crise econômica
derruba Governo da Islândia
Copenhague, 26 jan (EFE).- Caiu
hoje o Governo da Islândia, vítima da crise econômica que quebrou a
economia do país e dos protestos populares que se intensificaram na
última semanas.
Desde a explosão da crise, em
outubro, quando a falência dos bancos obrigou o Governo a
nacionalizá-los, o primeiro-ministro, o conservador Geir H. Haarde,
havia se negado a deixar o cargo para não agravar mais a situação.
Mas a inesperada saída ontem do
ministro da Economia, o social-democrata Björgvin Sigurdsson,
assumindo responsabilidades, e as disputas na coalizão precipitaram
hoje a renúncia em bloco do Governo.
Haarde, que pretendia manter o pacto
até as eleições antecipadas de 9 de maio, rejeitou a reivindicação
da aliança social-democrata, de passar seu cargo para seu parceiro
na coalizão, que reivindicava a chefia de Governo para a ministra de
Assuntos Sociais, Jóhanna Sigurdardóttir.
Haarde, que não se candidatará à
reeleição por sofrer de um tumor, ofereceu sua cabeça propondo ceder
o cargo a outro conservador.
O "divórcio" na coalizão feita nas
eleições de maio de 2007 e que Haarde oficializará apresentando sua
renúncia ao presidente, Olafur Ragnar Grimson, deixa o país na
incerteza.
Haarde se reunirá com todos os
líderes políticos e já se posicionou a favor de um Governo de união
nacional, mas liderado por seu partido como vencedor da última
eleição.
A queda de Haarde e de sua equipe
significa uma vitória para os milhares de islandeses que há meses
protestam contra um Governo que se negara a assumir
responsabilidades pela pior crise na história recente desta ilha de
310 mil habitantes e que em 2006 liderava a lista de países
desenvolvidos da ONU.
Porém, a escalada das mobilizações,
em alguns casos com um nível de violência que não se via desde os
protestos contra a entrada na Otan, há meio século, acabaram por
derrubar o Governo.
O outro grande alvo das
reivindicações populares, o ex-primeiro-ministro e atual presidente
do Banco Central islandês, David Oddsson, ainda se aferra ao seu
cargo, mesmo após a direção da Autoridade Supervisora de Finanças
ter renunciado em bloco ontem.
A explosão da crise marcou o fim
brutal de um conto de fadas em um país que passou do luxo e do
esbanjamento ao colapso, com os bancos nacionalizados, a inflação
disparada, a moeda em queda livre, o desemprego duplicado para 5% e,
sobretudo, um endividamento de enormes proporções.
A Islândia, que vivera quase
exclusivamente da pesca e com a economia estatizada, começou a
decolar na década de 1970 com um novo sistema de cotas pesqueiras,
seguido por uma ampla política de privatizações entre 1985 e 1995,
incluindo o setor bancário.
Apoiados em uma conjuntura econômica
favorável e em empréstimos no estrangeiro, os investidores
islandeses puseram em prática uma agressiva política expansiva no
Reino Unido e na Escandinávia, em particular na Dinamarca, da qual
seu país se tornara independente em 1944.
Ao mesmo tempo em que o setor
financeiro cresceu, até representar nove vezes seu Produto Interno
Bruto (PIB), apareceram os primeiros sintomas de enfraquecimento da
economia, que tomaram reflexos de gravidade em maio do ano passado,
quando os bancos centrais de Suécia, Noruega e Dinamarca concederam
um crédito extraordinário de 1,5 bilhões de euros ao da Islândia
para injetar fundos no país.
A conjuntura internacional agravou a
situação progressivamente, até explodir em início de outubro: em
poucos dias afundaram os três principais bancos do país e com eles
os milhões de dólares investidos em seus filiais por milhares de
europeus.
Apesar da recusa inicial do Governo
em responder pelos investimentos estrangeiros, uma vez naturalizados
os bancos, as pressões de vários países europeus, que ameaçavam
bloquear os empréstimos à Islândia, foram suspensas.
Em troca desse compromisso e de um
programa econômico austero, a Islândia conseguiu empréstimos de mais
de US$ 6 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos outros
países nórdicos.
Mas apesar da injeção de dinheiro, as
perspectivas são obscuras: as autoridades islandesas prevêem para
2009 uma redução de 10% de seu PIB, uma inflação de 13% e um
desemprego de 7,8%, enquanto todos os partidos assumiram a adesão à
União Europeia (UE) e ao euro como um mal menor.
Fonte:
br.noticias.yahoo.com
Veja historial completo das
notícias destacadas
|