O peixe, Dolichopteryx longipes,
já era conhecido há 120 anos, mas nunca havia sido capturado vivo.
No ano passado, cientistas da
Universidade de Tübingen, na Alemanha, conseguiram pegar uma
espécime viva nos litorais do arquípélago de Tonga.
Testes confirmaram que o animal
utiliza os espelhos para captar e concentrar luz em seus olhos,
segundo artigo publicado pelos pesquisadores na revista
especializada Current Biology.
Luminosidade
"Em quase 500 milhões de anos de evolução dos vertebrados, esta é a
primeira vez, pelo que se sabe, que um animal resolveu com espelhos
o principal desafio óptico que todos os olhos enfrentam - o de
formar uma imagem", disse Julian Partridge, da Universidade de
Bristol, na Grã-Bretanha, que realizou os testes com o peixe.
O animal parece ter quatro olhos, mas
tecnicamente, possui apenas dois - cada um se divide em duas partes
conectadas.
Uma das partes dos olhos aponta para
cima, ajudando o peixe a capturar os fracos feixes de luz que vêm da
superfície do mar, cerca de mil metros acima. A outra parte tem o
formato arredondado e fica na lateral da cabeça, apontando para
baixo.
"Como a mil metros de profundidade há
muito pouca luz, esse peixe se adaptou para conseguir captar o
máximo possível dessa luminosidade", explicou Partridge. "O que ele
faz é procurar flashes da luz bioluminescente de outros animais.
Assim ele sabe da presença desses animais, principalmente abaixo da
sua barriga vulnerável".
Os espelhos são formados de lâminas
minúsculas, provavelmente compostas de cristais de guanina e
dispostas em camadas.
"O uso de espelhos deve oferecer a
este peixe uma vantagem enorme nas profundezas do mar, onde a
capacidade de perceber o mínimo de luz pode fazer a diferença entre
comer e ser comido", disse o cientista.