É, vocês leram corretamente: a
Polaroid anunciou na feira Consumer Electronics Show a introdução de
uma câmera digital que produz cópias na hora. Seria até possível
chamá-las de cópias "instantâneas", mas elas demoram cerca de um
minuto a surgir, de modo que são tão "instantâneas" quanto a versão
passada que usava filme.
A PoGo, uma câmera de US$ 200,
essencialmente combina câmera e impressora, e produz fotos de 5x7,6
cm, por meio do aquecimento seletivo de pontos específicos de um
papel especialmente tratado. O processo não tem qualquer relação com
o velho método da Polaroid química, mas as cópias oferecem um charme
bastante parecido, ao estilo Pop Art: são granulosas e as cores não
são perfeitamente nítidas; os rostos tendem a uma cor mórbida,
azul-esverdeada.
A câmera sucederá a impressora
Polaroid separada lançada na metade do ano passado, projetada para
conexão com câmeras digitais e celulares fotográficos. Quando eu
resenhei a impressora, apontei que se a Polaroid conseguisse
combiná-la com um sensor de imagens e uma tela de cristal líquido
estaria ressuscitando a câmera instantânea. E a empresa estava
trabalhando exatamente nisso, mas infelizmente os consumidores terão
de esperar um pouco antes de adquirir o produto. A Polaroid anunciou
que a PoGo chegará às lojas em março ou no começo de abril.
A câmera é um produto divertido, e as
pessoas que vinham lamentando a morte da Polaroid encontrarão algum
consolo com ela. As cópias têm uma película removível na traseira
que revela um fundo adesivo, o qual pode ser usado para afixá-las a
geladeiras, portas, livros, computadores, celulares e outras
superfícies que a pessoa deseje personalizar. Para a festa de
despedida de um colega, tirei uma foto dele, imprimi duas cópias e
as colei em latas de refrigerante, criando uma "edição comemorativa"
instantânea.
A PoGo também oferece vantagens
cruciais sobre as velhas câmeras com filme. É possível observar o
que se está fotografando, na tela de LCD, e decidir se você deseja
ou não a cópia. Pode-se produzir múltiplas cópias de uma mesma foto,
ou imprimir cópia de algo fotografado no passado.
A impressora separada e a nova câmera
utilizam o mesmo papel, que custa US$ 5 por um pacote de 10 unidades
ou US$ 13 por um pacote de 30 unidades. É caro, se comparado ao
papel fotográfico para impressoras, mas representa apenas um terço
do preço do filme Polaroid (do qual ainda existem estoques nas
lojas). Não é preciso tinta ou toner.
A despeito de seus pontos altos, a
PoGo tem um jeitão de produto de primeira geração, e por isso
apresenta algumas deficiências que merecem ser mencionadas.
Como câmera, ela é primitiva. Não há
recurso de foco automático, só uma alavanca com a qual você alterna
entre closes e plano infinito. A resolução é de 5 megapixels, bem
inferior à das câmeras compactas mais baratas. Nada disso importa
muito para a qualidade das cópias, que são pequenas e oferecem baixa
resolução de qualquer maneira, mas faz diferença se você deseja
utilizar as imagens digitais para outros fins.
Como outras câmeras digitais baratas,
existe um atraso substancial entre o momento em que você pressiona o
obturador e aquele em que a imagem é de fato registrada, o que torna
quase impossível capturar imagens de ação ou expressões fugazes.
As cópias são mais estreitas do que a
imagem capturada pelo sensor, de modo que não se pode imprimir a
exata imagem vista na tela. Porções substanciais são cortadas no
topo e no pé da imagem, para produzir a cópia. No modo normal de
fotografia, a câmera não alerta sobre esse efeito. É possível aparar
as imagens registradas, fazer zoom sobre determinadas áreas, mas não
há como reduzir a imagem de modo a enquadrá-la inteira na cópia.
A duração da bateria recarregável é
limitada, por conta da energia necessária a aquecer as cópias.
Pode-se imprimir cerca de 20 cópias por carga, se você o fizer de
uma vez. Caso você imprima uma cópia por vez com longos intervalos,
uma carga pode oferecer menos capacidade, porque a câmera terá de
aquecer o papel especial novamente a cada cópia. (As velhas câmeras
Polaroid não sofriam problemas de bateria porque a maioria delas
incorporava as baterias aos cartuchos de filme - uma idéia de
projeto brilhante. Mas chega de nostalgia.)
Nenhum desses defeitos é fatal. Se
você não gosta da forma de operação da PoGo como câmera, pode
fotografar com outra câmera dotada de cartão SD, transferir o cartão
para a PoGo e imprimir as fotos. Mas se você planeja usar a câmera
para isso, melhor comprar a PoGo Instant Mobile Printer, a
impressora independente, que custa apenas US$ 100 e é um pouco
menor, mas se conecta com outras câmeras por meio de um cabo USB.
A câmera é mais simples de usar do
que a impressora, e servirá bem a quem deseje recapturar o espírito
simples e espontâneo das fotos com uma Polaroid. Infelizmente a
empresa pediu concordata em dezembro devido a problemas na companhia
que a controla.
Isso coloca em risco o futuro
suprimento de papel para a PoGo, mas a Polaroid continua operando, e
parece que se manterá aberta pelo futuro previsível. De qualquer
forma, é provável que a tecnologia de impressão portátil perdure,
porque ela faz algo de único.