Foram cinco as bombas que explodiram,
quando os fiéis saíam das mesquitas da capital Bagdá e de seus
arredores, em uma operação que parece ter sido organizada e que
manchou de sangue lugares sagrados para os xiitas, que são maioria
neste país.
Os alvos foram as mesquitas xiitas de
Al Sharufi, Al Rasul al Aazam, Al-Hakim, Al Sadrin e a do imã Al
Sadiq, em vários pontos da capital e de seus arredores.
Fontes do Ministério do Interior
disseram à Agência Efe que o maior número de mortos foi registrado
nos arredores da mesquita de Al Sharufi, no bairro de Al Shab, no
nordeste de Bagdá, que fez mais de 23 vítimas fatais e outras 110
pessoas ficaram feridas.
A explosão de um carro-bomba que
estava estacionado próximo à mesquita foi a causa das mortes e dos
feridos.
Embora inicialmente tinha sido
divulgado que todas as vítimas na mesquita de Al Sharufi foram
ocasionadas pela explosão, fontes do Ministério do Interior, que
preferiram ficar no anonimato, esclareceram que cinco pessoas
morreram por disparos feitos pela Polícia.
Segundo as fontes, os policiais que
estavam no local começaram a disparar indiscriminadamente em "pânico
total", o que elevou o número de vítimas.
"Centenas de fiéis estavam reunidos
no pátio fora da mesquita e primeiro houve uma explosão e depois os
disparos da Polícia", disse à Efe uma testemunha que também não quis
se identificar.
Na mesquita de Al Rasul al Aazam,
onde aconteceu o segundo atentado mais grave, cinco pessoas morreram
e 15 ficaram feridas.
Pelo menos em um dos casos, as
autoridades disseram que a explosão foi ocasionada por um
carro-bomba.
Nenhuma organização foi
responsabilizada pela série de atentados, mas todas as suspeitas
apontam para grupos terroristas vinculados à Al Qaeda.
Segundo as fontes, as explosões
parecem ter sido programadas para acontecerem na mesma hora, logo
após a conclusão das orações mais importantes da sexta-feira, por
volta das 12h, no horário local, que costumam reunir milhões de
muçulmanos no mundo todo.
Os xiitas representam 65% da
população do Iraque, aproximadamente 26 milhões de habitantes.
As explosões despertaram o temor de
que uma nova onda de violência sectária similar à de 2006 domine o
Iraque, quando o país esteve à beira da guerra civil, após o
atentado contra a mesquita xiita de Samarra, a 100 quilômetros ao
norte de Bagdá.
Os enfrentamentos que seguiram o
atentado contra este santuário xiita causaram a morte de milhares de
iraquianos e centenas de milhares tiveram que fugir de seus lugares
de origem para escapar da onda de violência.
Os atentados de hoje acontecem um mês
depois que as tropas dos Estados Unidos que operavam no Iraque
completaram sua retirada dos centros urbanos, no dia 30 de junho, de
acordo com os compromissos de segurança assinados pelos dois países
em 2008.
Atualmente, cerca de 130 mil soldados
americanos operam fora das cidades, cuja segurança ficou a cargo do
Exército e da Polícia do Iraque. A saída definitiva das tropas
americanas será concluída antes do fim de 2011.
Os ataques de hoje são os mais graves
desde o dia 9 de julho, quando três explosões, duas delas na cidade
de Tal Afar e a outra no bairro de Cidade de Sadr, em Bagdá, que
deixaram 42 mortos e quase 100 feridos.
Nos últimos dias, um banco foi
assaltado violentamente, além de uma transportadora e um furgão, que
as autoridades iraquianas suspeitam que possam ser obra de grupos
insurgentes que estão tentando financiar suas atividades.