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Ativistas pró-Zelaya são mortos a tiros em Honduras

 

Ativistas pró-Zelaya são mortos a tiros em Honduras

Dois membros do partido de esquerda Unificação Democrática (UD), do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, foram assassinados em ações separadas no sábado passado (11). Os crimes foram denunciados pelos partidários de Zelaya como ato de represália do governo interino.

Ambos participaram, nos últimos dias, de manifestações favoráveis ao retorno de Zelaya, deposto por um golpe de Estado orquestrado por Congresso, Suprema Corte e Exército em 28 de junho passado.

Roger Iván Bados, 54, foi morto a tiros em sua residência, na colônia de Rivera Hernández, em San Pedro Sula, norte do país.

O presidente da UD, Renán Valdés, afirmou à agência Ansa que Bados sempre participou de manifestações pró-Zelaya.

Ele relatou que uma irmã e a mulher de um sobrinho de Bados também foram feridas na ação. O presidente do partido diz, citando testemunhas, que um homem chegou à casa de Bados perguntando por seu sobrinho, quando Bados afirmou que iria buscá-lo, foi atingido por três tiros.

O assassino, ainda segundo Valdés, fugiu de bicicleta.

A outra vítima foi Ramón García, 40, também assassinado por homens armados ao descer de um ônibus no município de Macuelizo, Departamento de Santa Bárbara, oeste de Honduras. Ele era um dos líderes dos protestos em Santa Bárbara, segundo Valdés.

O presidente da UD afirmou que os dois homicídios configuram um "ato de represália" do governo interino, presidido pelo presidente Roberto Micheletti, nomeado pelo Congresso. Ele afirmou ainda que o partido investigará ambos os assassinatos.

Em um comunicado, a Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado ressaltou que as mortes ocorreram em meio à "grave crise política vivida por Honduras e sob claras condições de perseguição e repressão desencadeadas pelo governo de facto contra dirigentes populares em todo o país".

Na nota, o grupo exige que as autoridades investiguem "estes cruéis assassinatos" e levem à Justiça seus "autores materiais e intelectuais".

"Convocamos o povo hondurenho a continuar participando de todas as atividades de resistência até que a ordem constitucional seja restituída e os golpistas abandonem o poder, ao qual chegaram mediante usurpação", diz o texto.

Toque de recolher

Neste domingo, o governo interino hondurenho decidiu pôr fim ao toque de recolher que estava vigente no país desde o golpe do dia 28 de junho.

"A única coisa que queremos é que a situação se normalize o antes possível e as pessoas tenham uma vida normal nas ruas", disse Ernestina Núñez, vendedora de uma loja de produtos artesanais.

Mesmo com a queda do toque de recolher, a população continua em dúvida sobre a normalidade da situação diante do congelamento da ajuda internacional ao país empobrecido.

"A suspensão da ajuda internacional é gravíssima porque cerca de um terço do PIB, cerca de US$ 1,5 bilhão, dependem de ajuda bilateral e multilateral", disse o economista Nelson Avila, ex-assessor de Zelaya.

O economista Martín Barahona, ex-presidente do Colégio de Economistas de Honduras, alertou que o país "só tem capacidade de se sustentar de forma autônoma por quatro ou cinco meses."

"Nas atuais condições, é impossível que o governo possa resistir por mais de seus meses", reforçou Wilfredo Girón, professor de Economia da Universidade Nacional Autônoma de Honduras.

Golpe

Zelaya foi derrubado do poder no último dia 28 em um golpe orquestrado pela Justiça e pelo Congresso e executado por militares, que o expulsaram para a Costa Rica. O golpe foi realizado horas antes do início de uma consulta popular sobre uma reforma na Constituição que tinha sido declarada ilegal pelo Parlamento e pela Corte Suprema.

"Fui retirado da minha casa de forma brutal, sequestrado por soldados encapuzados que me apontavam rifles", contou o presidente deposto, após chegar ao exílio na Nicarágua.

"Diziam: 'se não soltar o celular, atiramos'. Todos apontando para minha cara e o meu peito. [...] Em forma muito audaz eu lhes disse: 'se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais ao povo, porque o que estão fazendo é ofender o povo'."

De acordo com os parlamentares hondurenhos, a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei" e por "seu desrespeito às ordens e decisões das instituições". Segundo os seus críticos, com a consulta, Zelaya pretendia instaurar a reeleição presidencial no país. As próximas eleições gerais serão em 29 de novembro.

Depois da saída de Zelaya do país, no Congresso de Honduras, um funcionário leu uma carta com a suposta renúncia, o que ele nega. Zelaya diz ter sido alvo de "complô da elite voraz"; e seu sucessor, Micheletti, diz que o golpe foi um "processo absolutamente legal".

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Fonte

Presidente interino de Honduras prepara equipe de governo

Brasil só reconhece governo de Zelaya em Honduras

Líderes latinos apóiam presidente deposto de Honduras

Barrado em Honduras, Zelaya vai para a Nicarágua

OEA exige retorno de Zelaya

Militares reprimem hondurenhos

 

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