LEI ANTIFUMO NO
BRASIL
O projeto de lei que bane o
cigarro e derivados de tabaco em quase todos os ambientes fechados
no Estado de São Paulo só entrará em vigor 90 dias após a publicação
no "Diário Oficial" da sanção do governador José Serra (PSDB). A
chamada lei antifumo --projeto de lei 577/2008-- foi aprovado
terça-feira (7) pela Assembleia Legislativa do Estado.
A possibilidade de veto da lei
antifumo é praticamente nula, pois trata-se de matéria de interesse
do próprio governador. Serra tem dez dias para se manifestar sobre o
assunto.
Além do prazo de 90 dias para a
vigência da lei --aprovado como emenda na votação de ontem--, outras
duas emendas foram feitas ao texto original: a disponibilidade de
tratamento na rede pública de saúde para os que desejem parar de
fumar e a realização de campanha educativa para informar a população
sobre a abrangência da lei.
O texto acaba com fumódromos e
restringe que o fumo possa ser utilizado em locais como a própria
casa do fumante, espaços ao ar livre e vias públicas. A exceção
inclui ainda estabelecimentos médicos em que algum paciente esteja
autorizado a fazer uso do fumo, locais específicos --charutarias-- e
cultos religiosos onde o fumo faça parte do ritual.
Em caso de descumprimento da medida,
o texto prevê punições para o dono do estabelecimento mas não para
os fumantes. As multas, segundo o projeto de lei, podem variar de R$
220 a R$ 3,2 milhões. Caberá a órgãos estaduais e de defesa do
consumidor a aplicação das multas.
A fiscalização cabe ao próprio
estabelecimento. Em caso de insistência do fumante em permanecer no
local, ele poderá ser retirado e, em persistindo, o estabelecimento
poderá requisitar auxílio à polícia.
Polêmica
Para a Abrasel (Associação Brasileira
de Bares e Restaurantes) e a Abresi (Associação Brasileira de
Gastronomia, Hospedagem e Turismo), a lei é inconstitucional e
deverá prejudicar seus associados. As associações afirmaram que
entrarão na Justiça assim que a lei for sancionada.
"Já veio a lei seca, a lei que proíbe
consumação e agora não se poderá fumar. Os bares, que eram lugares
de descontração, estão virando ambientes conflituosos. Não se pode
fazer mais nada", diz Percival Maricato, diretor jurídico da Abrasel,
que argumentará na Justiça que não cabe ao Estado regular o fumo. No
Rio de Janeiro, um sindicato do setor conseguiu liminar contra lei
semelhante.
Os membros da Sinthoresp (Sindicato
de trabalhadores no setor de bares e restaurantes de São Paulo), no
entanto, comemoraram a aprovação da lei.
A entidade justifica o apoio com a
preocupação sobre a saúde tanto de quem fuma quanto dos fumantes
passivos. Por meio de sua assessoria, o presidente do sindicato,
Francisco Calasans, afirma que "é preciso respeitar trabalhos
científicos da medicina que comprovam o mal que o fumo faz".
O apoio do Sinthoresp, no entanto,
ainda não é definitivo. A entidade --que diz representar 300 mil
trabalhadores no setor-- pretende realizar uma pesquisa entre seus
associados sobre o tema. Caso a opinião seja contra a lei, o
sindicato deve mudar sua posição.
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