Militares
reprimem hondurenhos
O presidente hondurenho deposto
Manuel Zelaya pediu no fim da noite de ontem às Forças Armadas de
seu país que "não reprimam mais o povo". O apelo veio à tona horas
depois de distúrbios nos arredores do aeroporto da capital
Tegucigalpa terem resultado na morte de pelo menos um jovem de 19
anos. "Em nome de Deus, soldados da pátria, policiais, peço-lhes,
suplico-lhes, ordeno a vocês: não reprimam mais o povo hondurenho",
declarou Zelaya, em entrevista coletiva concedida em San Salvador.
"Não apontem seus rifles contra seus próprios irmãos", prosseguiu o
líder, deposto em um golpe militar na semana passada.
"Hoje (ontem) atreveram-se a
disparar. Uma pessoa jovem faleceu, vítima dos disparos de um
criminoso que usa a violência das armas para tirar a vida de um
compatriota", afirmou Zelaya, pouco depois de encerrar uma viagem
iniciada em Washington e que o levou a sobrevoar o aeroporto de
Tegucigalpa. Após a notícia da decolagem, milhares de simpatizantes
de Zelaya se dirigiram ao aeroporto na tentativa de receber o
presidente. Houve confronto entre manifestantes e soldados. Uma
pessoa morreu - informações não confirmadas dão conta de que outra
jovem também teria morrido.
O avião de Zelaya não pôde descer em
Tegucigalpa porque o Exército hondurenho bloqueou a pista do
aeroporto. A aeronave fez então uma escala em Manágua, na Nicarágua,
e depois seguiu para El Salvador. Zelaya viajou acompanhado do
presidente da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
(ONU), o nicaraguense Miguel D'Escoto, desafiando uma ordem do
governo que assumiu após o golpe para que o avião fosse impedido de
entrar em Honduras. Também viajaram com ele a chanceler Patricia
Rodas, o embaixador hondurenho na Organização dos Estados Americanos
(OEA) Carlos Sosa, dois jornalistas e um guarda-costas.
Um avião levando a bordo a presidente
da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, o presidente do
Equador, Rafael Correa, e o secretário-geral da Organização dos
Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, acompanhou a aeronave
de Zelaya e desceu em El Salvador.
Hoje pela manhã, em Genebra, na
Suíça, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lamentou a morte de
uma pessoa nas manifestações. "As autoridades de Honduras e de
qualquer outro país devem preservar a vida e a segurança dos civis",
afirmou Ban. "Deveria ser permitido aos cidadãos manifestarem suas
opiniões sem serem ameaçados." Ele também qualificou como
inaceitável o golpe militar por meio do qual Zelaya foi derrubado,
assim como qualquer mudança inconstitucional de poder em qualquer
lugar do mundo.
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