Segundo o acordo assinado no ano
passado entre Bagdá e Londres, os efetivos britânicos que
permaneciam no Iraque --e que eram 46 mil em 2003-- deixaram o país
esta semana, indicou o porta-voz da embaixada do Reino Unido à
France Presse.
O Parlamento iraquiano não pôde votar
antes das férias --que terminam em 8 de setembro próximo-- novo
acordo entre Londres e Bagdá que permitiria que um pequeno
contingente, de cem homens, ficasse no país para formar a Marinha
iraquiana. Este grupo espera aprovação da medida no Kuwait. A
maioria das tropas estava baseada na região meridional de Basra.
Durante o mandato do
primeiro-ministro Tony Blair (1997-2007), o Reino Unido foi um
aliado importante dos EUA quando o presidente George W. Bush
(2001-2009) ordenou a invasão do Iraque, em março de 2003. Nestes
seis anos, 179 soldados britânicos morreram no Iraque.
A retirada britânica acontece um dia
depois que o governo de Londres iniciou formalmente o inquérito
sobre a participação na guerra do Iraque, com anúncio de que Blair
será chamado para depor. O responsável pela investigação, Sir John
Chilcot, afirmou que a comissão, que deverá publicar suas conclusões
até o final de 2010, não hesitará em ser crítica e anunciou que
viajará pessoalmente ao Iraque e aos EUA para falar com dirigentes
de a mbos países. "Se descobrirmos que foram cometidos erros,
diremos abertamente", afirmou.
O primeiro-ministro Gordon Brown
havia anunciado em junho passado a abertura de uma investigação
independente para estudar uma das páginas mais polêmicas da história
recente do país. Blair se declarou disposto a cooperar plenamente,
apesar de a impopularidade do conflito ter sido um dos motivos
primordiais de sua partida, em 2007.
Essa investigação ficará centrada em
um período que vai de 2001 à atualidade.
Quase todos os soldados britânicos
deixaram o solo iraquiano nos últimos meses.
Chilcot reafirmou que as audiências
serão públicas, o mais frequentemente possível, e até disponíveis na
internet. Mas por motivos de segurança nacional, alguns depoimentos
seriam a portas fechadas.
A organização "Stop The War Coalition"
(algo como Coalizão Parem com a Guerra, em inglês) considerou, no
entanto, que este sistema permitiria esconder a verdade ao público.
"A população britânica tem o direito de saber como e quando foi
tomada a decisão de entrar em guerra, mas depoimentos importantes
serão dados a portas fechadas e ninguém prestará juramento",
destacou a coalizão, dizendo-se "quase certa" de que Blair vai depor
a portas fechadas.