Programa de TV
leiloa joias roubadas
A Polícia Civil investiga se
parte das joias roubadas em condomínios e mansões, normalmente em
arrastões, vai parar nos leilões realizados na TV. A suspeita surgiu
após a denúncia de uma vítima. Criminosos invadiram seu apartamento
no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, no réveillon. Duas semanas
depois, um parente viu peças de sua coleção à venda no programa "Mil
e Uma Noites", que é gravado em Curitiba e exibido pelo canal CNT.
A vítima procurou a polícia e foi
orientada a recomprá-las. No momento da entrega, um funcionário foi
detido e os responsáveis pelo programa, que negam irregularidade,
tiveram de comparecer ao Distrito Policial. O episódio deu origem a
uma complexa investigação, que consta no inquérito policial
instaurado no 15º Distrito Policial (Itaim-Bibi), para apurar o
furto e possíveis crimes contra a ordem tributária e de receptação
de produto roubado.
A vítima disse à polícia que algumas
das peças eram feitas por encomenda. O diretor do "Mil e Uma
Noites", Paulo Calluf, diz que as peças que a mulher reconheceu são
joias fabricadas em série. "Estamos há 15 anos produzindo programas
de televendas. Nossa empresa é idônea", assegura. O advogado de
Calluf, Figueiredo Basto, disse que as joias do programa são
adquiridas em leilões da Caixa Econômica Federal (CEF) e de
fornecedores particulares. Ele argumenta que seu cliente "também é
vítima, por ter adquirido um lote de joias com peças de origem
ilícita."
O setor de penhores da Caixa
Econômica Federal (CEF), que emprestou R$ 5,8 bilhões no ano
passado, promove leilões quando o bem não é resgatado pelo cliente.
"Antes, qualquer um podia ir à Caixa e penhorar joias. O mercado
paralelo correspondia à cerca de 8% do oficial", diz Tufy Karan,
presidente da Associação dos Relojoeiros e Joalheiros do Estado do
Paraná (Arjep). Karan conseguiu mudar algumas regras praticadas pela
Caixa. Com a adoção de novas medidas, como checagem do CPF na
Receita Federal, há três anos não ocorrem denúncias de que joias de
origem ilícita foram comercializadas em leilões promovidos pelo
banco.
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