Segundo artigo publicado na revista
científica Nature, o aparelho captura imagens em menos de
meio bilionésimo de segundo, uma velocidade seis vezes maior do que
as câmeras mais modernas vendidas no mercado.
A técnica apelidada de Serial
Time-Encoded Amplified Microscopy - ou Steam - funciona através de
pulsos de laser.
Câmeras digitais normais usam uma
técnica chamada Dispositivo de Carga Acoplada (CCD, em inglês) para
formar uma imagem. Os CCDs contêm chips semicondutores que produzem
elétrons quando em contato com a luz. Estes elétrons são analisados
pelos chips e seus sinais são amplificados eletronicamente e
transformados em imagem digital.
Este processo é relativamente lento.
Uma câmera digital convencional consegue captar 30 imagens por
segundo. As melhores câmeras capturam cerca de um milhão de imagens
por segundo. Mais do que isso, e a falta de luz ou excesso de ruído
eletrônico fazem com que as imagens fiquem fora de foco e opacas.
Arco-íris
A técnica Steam, desenvolvida por físicos que trabalham na
Universidade da Califórnia, forma uma espécie de "arco-íris
bidimensional" de cores.
Este arco-íris bidimensional é
projetado, via um pulso de laser, no objeto que é fotografado. Cada
parte do arco-íris ilumina o objeto de forma diferente, dependendo
dos tons de claro e escuro do objeto.
O arco-íris bidimensional bate no
objeto e é refletido, sendo recapturado pela câmera. Ao retornar à
câmera, as diferenças em cada parte do reflexo do arco-íris são
analisadas pela câmera e transformadas em uma imagem.
A câmera com o sistema Steam é mais
rápida do que a CCD porque o processo eletrônico é muito mais
simples, afirma Keisuke Goda, um dos cientistas que assina o artigo
publicado na Nature.
Uma câmera convencional precisa
formar imagens a partir de milhões de pixels, enquanto a que usa o
sistema Steam precisa processar as informações contidas em apenas um
arco-íris bidimensional.
Câncer
Segundo os cientistas, a técnica Steam poderia, em tese, ser usada
na observação de células ou até na detecção de doenças, como câncer.
No caso de tumores, células
cancerígenas são muito difíceis de serem detectadas nos estágios
iniciais da doença, porque elas aparecem em número muito reduzido na
corrente sanguínea.
Atualmente, médicos procuram tumores
em pequenas amostragens de sangue, mas o índice de erro é muito
alto.
"As chances de que uma destas células
(cancerígenas) apareça em uma amostra de sangue observada em um
microscópio são quase inexistentes", diz Gode.
Como a câmera com o sistema Steam é
muito rápida, ela poderia analisar individualmente as células da
corrente sanguínea de um paciente.
Para que a câmera possa ser usada
nestes casos, os cientistas ainda precisam aumentar a resolução das
imagens. Atualmente a resolução da imagem equivale a 2,5 mil pixels.
Os cientistas querem elevar a resolução para 100 mil.
A equipe também está tentando formar
imagens tridimensionais com o sistema.
"Nosso próximo passo é melhorar a
resolução espacial para que possamos fazer imagens claríssimas da
estrutura interna de células", disse o cientista Bahram Jalali,
envolvido no projeto.
"Ainda não chegamos lá, mas se
conseguirmos isso, não haverá limites para as aplicações (desta
técnica) na biologia."