Portabilidade do número
permite trocar de operadora e manter o número
do telefone
A
portabilidade numérica, que permite ao consumidor trocar de
operadora e manter o número do telefone, chega à Grande São Paulo na
próxima segunda-feira. Com isso, o serviço passa a estar disponível
em todo o território nacional.
Quem quiser trocar de prestadora de serviço deve procurar a
operadora que vai receber o número, que ficará encarregada da
mudança.
O prazo máximo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para
o número ser portado é de cinco dias úteis. Durante o processo, o
consumidor pode ficar até duas horas sem o serviço. A portabilidade
só vale dentro de um mesmo código de área e mesmo tipo de serviço.
Não é possível, por exemplo, levar um número de São Paulo (código
11) para o Rio de Janeiro (código 21). Também não dá para transferir
um número de celular para um telefone fixo.
"São Paulo tem 17% dos usuários de telefonia do Brasil", comentou
José Moreira, presidente da ABR Telecom, empresa que conecta as
operadoras e torna possível a portabilidade. Os números da ABR
Telecom mostram que o uso da portabilidade tem sido tímido. Até 16
de fevereiro, somente 287.983 números haviam sido portados em todo o
Brasil, dos quais 35% eram fixos e 65%, móveis. O Brasil tem 41,3
milhões de telefones fixos e 151,9 milhões de móveis. A
portabilidade começou a ser oferecida no País em 1º de setembro.
Uma explicação para isso pode ser o fato de grandes mercados só
terem sido incluídos recentemente, como é o caso de Campinas (SP),
Rio de Janeiro, Brasília e Recife, que entraram este mês. Até o fim
de janeiro, somente 58% da população do País tinha acesso à
portabilidade.
A resistência de mudar de número é maior na telefonia fixa. Os
números da portabilidade mostram isso: 35% dos números portados eram
fixos. A telefonia fixa representa somente 21% dos acessos no País.
O analista de sistemas Marcelo Cardoso pesquisou, durante uma
semana, as alternativas de mercado, antes de migrar. Morador de
Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, ele utilizava os serviços da
Oi por quatro anos, até que há uma semana resolveu mudar para o
serviço da TIM Fixo.
"Antes, a gente não trocava de operadora, principalmente de
telefonia fixa, para não perder o número. Agora, posso manter o
número e buscar um pacote mais barato", disse ele. Cardoso conta que
na Oi cobrava R$ 42,92 por 230 minutos em ligações. Já a TIM
ofereceu pacote de 250 minutos por R$ 29. A portabilidade chegou ao
Rio de Janeiro no em 9 de fevereiro.
ANIMAÇÃO
A chegada da portabilidade a São Paulo deve aumentar a visibilidade
do serviço, pois vai permitir às operadoras pôr na rua as suas
campanhas nacionais. "A gente está bastante animado com a chegada da
portabilidade a São Paulo", afirmou Maurício Vergani, diretor
executivo da Embratel.
Segundo Vergani, 60% dos clientes que atraiu com a portabilidade são
residenciais e 40%, corporativos. "É um recurso muito bom para a
pequena empresa", disse. "Quanto menor a empresa, mais dependente do
número." Ele acredita que, diante da crise, as pessoas e as empresas
vão encontrar na portabilidade uma maneira de ajustar seu orçamento
com telecomunicações.
Carlos Cipriano, diretor da Vivo para o Estado de São Paulo, disse
que a operadora começou a se preparar há dois anos. "Fizemos um
esforço para melhorar a qualidade", explicou. Por ser a maior
operadora de telefonia móvel do País, com operações em grande parte
originadas da privatização da Telebrás, a Vivo era a empresa de
telefonia móvel que enfrentava o maior risco com a chegada da
portabilidade.
"O saldo que conseguimos é positivo", afirmou Cipriano. Ele conta
que, nos últimos 15 dias, os consumidores de São Paulo já buscam se
informar nas lojas da operadora. A Vivo criou promoções especiais
para o lançamento da portabilidade em São Paulo, que incluem mil
minutos mensais gratuitos para chamar outros telefones da Vivo,
durante três meses.
"A curva de pedidos de portabilidade vai começar a acelerar", disse
Erik Fernandes, diretor de Marketing da Claro. A empresa aposta na
portabilidade para crescer. Criou até um site sobre o tema
(www.portabilidade.com.br) para esclarecer os consumidores.
A migração para outra
operadora é relativamente simples e não tem custo para o usuário.
Basta se dirigir a nova prestadora e solicitar o serviço, que deve
ser feito em um prazo máximo de 5 dias. No entanto, é preciso ficar
atento a algumas regras:
- A troca de operadora só é permitida entre empresas do mesmo
ramo, ou seja, fixo/fixo e móvel/móvel. Não adianta, por exemplo,
querer migrar para a Telefônica (fixa) com o número que você usa na
Claro (móvel).
- Na telefonia fixa, a portabilidade só acontecerá em uma mesma área
local. Ou seja, só será possível trocar de operadora na mesma cidade
ou localidade com continuidade urbana —mudar para outro Estado e
levar o número junto, por exemplo, será impossível.
- Já na telefonia móvel, a portabilidade só pode ser feita em uma
mesma área de registro (DDD).
- Segundo a ABRTelecom, empresa responsável pela implementação do
serviço no país, é importante informar à operadora que receber o
pedido, seu nome completo, RG, endereço, número de telefone e
prestadora de onde está saindo.
- Também não se esqueça de anotar o número de protocolo da
solicitação da portabilidade para que você possa acompanhar o
processo de transferência.
Migração ainda é pequena
Cinco meses após o processo de implementação da portabilidade
numérica começar no Brasil, menos de 290 mil pessoas trocaram de
operadora.
Para se ter uma idéia, o número de usuários que solicitaram a troca
de prestadora até o dia 16/02 (data do último balanço) foi de
aproximadamente 0,2% dentre aqueles que já poderiam optar pela
portabilidade nessa data —o que corresponde a 79,6% dos brasileiros
que possuem telefone fixo ou móvel.
Na Europa, por exemplo, o índice de usuários que utilizam o
benefício de mudar de operadora mantendo o número não passa de 1% ao
ano. A média, segundo pesquisas, é de 5%. De acordo com
especialistas, esse índice aumenta em nações onde a porcentagem de
clientes pós-pago é maior. Mas a regra não é seguida à risca.
A explicação para esse aumento está na receita média mensal por
usuário (Arpu, em inglês): clientes pós-pagos gastam mais do que
pré-pagos. Assim, trazer um usuário desse tipo para a operadora é
muito mais vantajoso do que alguém que costuma colocar créditos a
cada três meses.
O Arpu médio das operadoras brasileiras é de R$ 27,1 e 80,5% dos
usuários são de planos pré-pagos. Nos Estados Unidos, onde a receita
média é de US$ 49,79 (R$ 116, aproximadamente) para um mercado de
mais ou menos 80% de usuários pós-pagos, a taxa de migração é de 9%.
Fonte:
folha.uol.com.br
e tecnologia.uol.com.br
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