O julgamento não era possível antes
por causa de uma lei de imunidade que impedia o trâmite de processos
contra o primeiro-ministro enquanto ele estivesse no cargo. No mês
passado, porém, a Corte Constitucional italiana derrubou a lei ao
declará-la inconstitucional, abrindo caminho para a retomada do
processo.
Berlusconi não compareceu à corte
milanesa hoje. Ele participava de uma conferência alimentar em Roma.
"No dia 18 (de janeiro), caso haja testemunhas ou réus ou algo
substancial, (Berlusconi) estará lá", afirmou seu advogado Niccolò
Ghedini. "E caso contrário, ele mandará seus advogados de defesa e
nós não pediremos adiamentos para eventos oficiais."
Berlusconi é acusado de fraude
tributária em compras de direitos televisivos efetuadas pela
Mediaset, sua emissora de televisão. Ele nega a denúncia e acusa os
juízes de agirem "com motivações políticas".
Outro processo em que Berlusconi
aparece como réu será retomado em 27 de novembro. Ghedini trabalha
para aprovar uma legislação que reduz o prazo para a prescrição de
alguns casos para até seis anos. Com isso, os dois processos contra
o primeiro-ministro poderiam ser arquivados em alguns anos.
Os promotores afirmam que mais de dez
réus, incluindo funcionários da Mediaset e o advogado britânico
David Mills, pagaram preços inflacionados por direitos de exibição
na televisão de filmes norte-americanos. Eles teriam embolsado as
diferenças entre os valores, em um esquema de centenas de milhões de
dólares.
Ghedini previu que o julgamento deve
demorar pelo menos dois anos. Com isso, segundo ele, provavelmente
haverá um resultado final no caso antes de o estatuto de limitações
entrar em vigor, em 2013.