No Brasil, os números são maiores. De
acordo com o Ministério da Saúde, somente no SUS, 33,25% dos partos
realizados em 2008 foram cirúrgicos, o que representa cerca de 660
mil cesáreas. Todos esses dados contrariam a recomendação da
Organização Mundial de Saúde (OMS), que determina que este tipo de
parto represente somente entre 10% e 15%.
O maior problema da cesária, segundo os pesquisadores, é o fato
de a cirurgia ser agendada sem que a mulher esteja efetivamente
em trabalho de parto. Para avaliar a dimensão do problema, um
outro estudo, desta vez realizado por pesquisadores da
Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, avaliou 13.258
cesáreas eletivas, as chamadas cirurgias agendadas.
Destas, 35,8% aconteceram antes de 39 semanas, e o resultado
mostrou que os bebês nascidos com 37 e 38 semanas apresentaram
mais risco de complicações, entre elas problemas respiratórios e
hipoglicemia, em comparação aos que nasceram em partos normais.
"A cesária não deixa de ser uma cirurgia, que, para ser
realizada, demanda um corte no abdômen. Com a cavidade exposta,
aumentam as chances de se contrair uma infecção, por exemplo",
destaca Magda. O método só é recomendado quando o bebê ou a mãe
sofre algum tipo de risco. Se há um trabalho de parto prematuro
ou o prazo do nascimento ultrapassa, ai então a cesariana é
fundamental, completa a médica. Se não for por um motivo
realmente sério, é perigoso", explica a obstetra Magda Salvador.