Hoje, Radin, um editor de marketing
em Los Angeles, faz uma hora de exercício físico quase todos os dias
da semana. É um jovem elegante, com 77 quilos de músculo. No checkup
anual, o médico realçou que a sua baixa pressão arterial e nível de
colesterol até estavam provavelmente melhores do que antes de ter
ganho peso em excesso nos finais dos anos 1990. "Emagrecer muito e
modificar o nosso corpo tem um forte impacto", afirma Radin.
Mais do que ele poderia esperar. De
acordo com um estudo realizado com 4.300 pessoas, publicado na
revista American College of Sports Medicine, pessoas com fraca
condição física tinham risco de mortalidade - por causas variadas -
três vezes maior e um risco de mortalidade por doença cardiovascular
quatro vezes maior do que as pessoas com melhor condição física. Em
outras palavras, se melhorar a sua condição física, terá mais
probabilidade de viver mais tempo.
Esse estudo é apenas mais um entre
uma série de pesquisas recentes com crianças e adultos que
estabelece a ligação entre o sedentarismo ou a obesidade e fracos
resultados em termos de saúde. Não é segredo para ninguém que o
exercício é essencial para se ter uma saúde ótima, mas muitos de nós
deixam a semana passar sem fazer nada mais do que uma rápida
caminhada. Contudo, descuidar do peso e da condição física é um
caminho certo para aumentar o risco de doenças e problemas que
comprometem a longevidade.
O exercício como um
medicamento
Ainda que a atividade física seja apenas um dos elementos para
desenvolver a condição física - os outros incluem o estado de saúde
geral e a predisposição genética - a verdade é que o exercício é
fundamental.
Segundo Jonathan Myers, coautor do
estudo da ACSM e cientista investigador no âmbito da saúde na VA
Palo Alto Health Care System no norte da Califórnia, a quantidade
ideal de exercício é meia-hora de atividade de nível moderado a
intenso, cinco dias por semana. Melhor ainda é uma hora de exercício
na maioria dos dias da semana.
Quando Myers e seus colegas dividiram
os 4.300 participantes no estudo em diferentes grupos de acordo com
a sua condição física e estudaram-nos durante quase 20 anos, os que
tiveram melhores resultados atingiam o patamar de cinco horas de
exercício físico por semana. Aqueles com a pior condição física
tinham um risco de mortalidade geral três vezes mais elevado. Dos
participantes nessa categoria, 170 morreram devido a várias causas,
enquanto no grupo com melhor condição física apenas 55 morreram.
"Temos analisado isso durante os
últimos 20 anos, e os resultados repetem-se", afirma Myers. Segundo
ele, cinquenta anos de pesquisas epidemiológicas demonstraram que as
pessoas em melhor forma ou fisicamente mais ativas têm uma taxa de
mortalidade mais reduzida.
Um estudo publicado na semana passada
no British Medical Journal encontrou uma correlação semelhante entre
o aumento de peso e a preservação de um estado de saúde ótimo à
medida que uma pessoa envelhece. Das 17.000 mulheres que
participaram do estudo durante 20 anos, as que tinham excesso de
peso aos 18 anos de idade e engordaram mais do que 10 quilos até os
50 tinham menos probabilidade de ter um estado de saúde ótimo. Por
cada 5 quilos ganhos durante esse período, as chances de
"sobrevivência saudável" diminuiram 5%.
Contudo, nunca é tarde demais para se
começar a fazer exercício. O estudo de Myers demonstra que existem
enormes benefícios para que as pessoas sedentárias mudem os seus
hábitos. Quando os pesquisadores compararam o grupo com pior
condição física com o grupo seguinte com pior condição física,
constataram uma diferença assombrosa: o fato de o risco de
mortalidade ser duas vezes maior devia-se, predominantemente, a
variações na atividade física, e a outros fatores de risco, como a
hipertensão e a diabetes.
"Ainda não sabemos por que o
exercício tem um impacto tão grande ao nível da prevenção. Mas a
condição física de uma pessoa consegue suplantar os fatores de risco
tradicionais", como o tabagismo e a elevada pressão arterial, "na
previsão da mortalidade."
As crianças não estão bem
Muito embora a condição física se torne uma grande preocupação na
idade adulta, quando o envelhecimento e o advento das doenças
crônicas tornam o exercício obrigatório, existem cada vez mais
evidências de que a atividade física na infância tem grande
influência, a longo-prazo, na saúde de uma pessoa.
Kathleen F. Janz, professora no
Departamento de Saúde e Estudos Desportivos e Epidemiologia na
Universidade de Iowa, descobriu num estudo recente que as crianças
que têm vidas menos ativas têm maior probabilidade de ter excesso de
peso anos mais tarde.
Janz estudou 333 crianças de 5 anos
de idade durante oito anos, monitorando a sua atividade física com
um aparelho conhecido como acelerómetro, e medindo a massa de
gordura dos indivíduos através da imagiologia. Os benefícios da
atividade física na prevenção de problemas de saúde, segundo Janz e
os outros coautores do estudo, são constatados também na infância:
as crianças mais activas aos cinco anos de idade tinham
significativamente menor índice de gordura aos 8 e 11 anos quando
comparadas com as crianças do grupo que com menos actividade física.
"Não é raro que existam janelas de
oportunidade para períodos críticos nos quais é mais importante
fazer as coisas certas", afirma Janz. A infância é um desses
períodos, acrescenta.
Não é apenas o nível de gordura que
conta. Um estudo recente publicado na Circulation descobriu
que as pessoas com diabetes do tipo 2 e os jovens obesos possuem uma
artéria carótida mais espessa, uma associação que anteriormente só
tinha sido constatada nos adultos, o que poderá fazer com que corram
risco maior de enfarte e ataque cardíaco mais tarde.
Tal como Jonathan Myers do Palo Alto
Health Care System, Janz afirma que os benefícios do exercício ao
nível preventivo são imediatos, independentemente de quando foi a
última vez que uma pessoa fez exercício. Obviamente que Dan Radin se
considera um exemplo daquilo que pode ser alcançado com suficiente
determinação e orientação.
"Não cresci praticando esportes",
afirma. "Fazer exercício foi algo que tive de descobrir sozinho."
Contudo, ele está muito longe de utilizar a esquina do prédio como
referência ou saída para uma vida mais longa e mais saudável : sua
próxima meta é participar numa prova de triatlo.