Na semana passada, Rogério Santanna,
secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, afirmou que será necessário investir R$ 1,1 bilhão nas
redes ópticas da Petrobras, Furnas e da Eletronet (empresa falida
que tem a Eletrobrás como acionista) para formar uma infraestrutura
nacional de telecomunicações, controlada pelo Estado. A ideia seria
usar a Telebrás, hoje uma empresa sem atuação no mercado.
Santanna propôs uma parceria com as
pequenas empresas de telefonia e de internet. "O negócio é criar uma
rede de acesso com todos os descontentes com as grandes operadoras",
disse Santana. Segundo ele, essas empresas estão sendo "asfixiadas"
pelas grandes companhias, das quais alugam a infraestrutura para
prestar serviços em nichos de mercado e cidades do interior.
Apesar do que disse Santanna, a
participação das grandes operadoras no projeto ainda é uma
incógnita. André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, defendeu
uma parceria do governo com todas as empresas de telecomunicações,
inclusive as concessionárias. "Não vejo nenhum problema em conversar
com qualquer empresa da iniciativa privada", afirmou Barbosa. "O
pensamento é ter uma infraestrutura do Estado no qual se ofereça
acesso público barato e com alta velocidade, que a gente tenha a
possibilidade de compartilhar isso com a iniciativa privada e que
elas (as empresas) paguem para usar nossa rede."
O presidente Lula deu 40 dias para
que seja apresentado um plano. Por causa da Lei Eleitoral, a nova
empresa precisaria estar operando até o fim do primeiro semestre. "É
proibido nomear ou contratar dos três meses anteriores às eleições
até a posse", explicou o advogado Ricardo Penteado, especialista em
direito autoral. A exceção é a contratação de pessoas que passaram
em concurso público que cujo resultado já tenha sido homologado
antes do início do prazo.
"Eu não creio que a experiência
desses anos sugira a criação de uma estatal como uma boa opção",
afirmou Carlos Ari Sundfeld, professor da Pontifícia Universidade
Católica (PUC), que participou da equipe que elaborou a Lei Geral
das Telecomunicações.
Sundfeld afirmou que, no lugar disso,
o governo poderia transformar a banda larga em serviço em regime
público nos lugares onde não existe retorno econômico, e abrir
concorrências com os recursos do Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações (Fust) para que as empresas atendam
essas localidades.