O, digamos, descuido do jovem acabou
lhe rendendo a visita de agentes de FBI. Ao questioná-lo, eles
perceberam que não havia ameaça real e decidiram que o jovem não
seria processado. "Identificamos o indivíduo e ele foi interrogado
na presença dos pais", disse o porta-voz do FBI Ed Donovan. "Mas
como não havia intenção em particular por parte do menor, vamos
considerar como um deslize."
Mais de 380 pessoas responderam à
pergunta "Você acha que Obama deve ser assassinado?". As opções eram
"Sim", "Não", "Talvez" e "Sim, caso ele corte meu plano de saúde". A
pesquisa ficou no ar dois dias, até que o Facebook foi avisado pelo
FBI e a retirou do site.
O caso abriu um debate sobre os
critérios que levaram o Facebook a "censurar" a pesquisa e o serviço
secreto a investigá-la. Isso porque há dezenas de enquetes e grupos
com o mesmo tema no site, que reúne mais de 300 milhões de usuários.
Uma delas tem o seguinte lema: "Se você odeia o Obama e quer vê-lo
morto, junte-se a nós".
Se alguém que pergunta se o
presidente deve ser assassinado é alvo de investigação, por que
alguém que defende sem rodeios a morte dele fica impune? Fica a
dúvida. Além disso, os usuários querem saber do Facebook por que
comunidades ameaçando outros presidentes continuam online. É o caso
da "Vamos matar Bush à sapatada", em referência ao iraquiano que
atirou seu calçado no ex-presidente americano, em sua última visita
a Bagdá.
É claro que antes de culpar a
"censura" do Facebook ou a "paranoia" do FBI, é preciso lembrar que
as enquetes só refletem o humor e as opiniões de quem está do outro
lado do computador. No caso da enquente sobre o assassinato de Obama,
a raiz da polêmica está no racismo - questão alavancada a debate
nacional com a posse de um presidente negro.
Grupos de direitos civis afirmam que,
desde que ele assumiu, aumentou o tráfego em sites que defendem a
supremacia branca. A líder democrata Nancy Pelosi chegou a dizer que
o nível de ódio atual nos EUA era similar ao que foi visto em São
Francisco nos anos 70, durante os protestos pelos direitos dos gays.
Mas o próprio Obama rejeita que as críticas contra ele tenham um
fundo racista, como afirmou o ex-presidente Jimmy Carter
recentemente.