Dinheiro para isso, garantem as
autoridades, existe. "Entre as dez maiores economias do mundo, só o
Brasil nunca organizou os Jogos Olímpicos", disse o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles também fez coro.
"Nós temos a 10ª maior economia do mundo e o Banco Mundial prevê que
seremos a quinta até 2016. Já somos o quinto maior mercado
publicitário do mundo e ainda estamos crescendo. E graças ao
descobrimento do maior campo petroleiro do mundo, temos também
grande reserva de petróleo. Nossa força econômica traz a certeza que
podemos ter os Jogos Olímpicos".
O Rio de Janeiro bateu nesta sexta-feira Madri na rodada final da
disputa para conquistar o direito de organizar os Jogos de 2016, por
66 votos a 32. Com isso, encerra um sonho que começou em 1992 e que
já custou mais de R$ 180 milhões só em candidaturas. Chicago e
Tóquio também foram superadas pelos cariocas.
O anúncio, feito pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional
(COI), o belga Jacques Rogge, provocou uma reação histérica na
delegação brasileira. O presidente Lula foi envolvido por abraços de
políticos, atletas e dirigentes esportivos. A maioria deles aos
prantos.
Com a vitória, o Rio se torna a primeira cidade sul-americana a ser
sede de uma Olimpíada. Além disso, faz o Brasil repetir os feitos de
México, Alemanha e Estados Unidos, que organizaram, com diferença de
dois anos, os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.
A caminhada brasileira rumo à sede da Olimpíada se iniciou em 1992,
com a frágil campanha de Brasília para abrigar os Jogos de 2000. O
Rio entrou na disputa duas vezes, para as Olimpíadas de 2004 e 2012,
antes de sair finalmente vencedor.
A campanha Rio 2016 começou tímida. Na fase inicial da candidatura,
o Rio de Janeiro ficou em quinto lugar na avaliação realizada pelo
COI, atrás até mesmo de Doha, que não foi à fase final porque
proprôs os Jogos em um período de extremo calor.
Com o tempo, a candidatura carioca entrou nos eixos. A campanha
maciça feita pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB),
Carlos Arthur Nuzman, frente aos membros do COI, aliada à influência
do ex-presidente da Fifa João Havelange e o corpo a corpo realizado
por Pelé fizeram com que o Rio conquistasse os votos decisivos da
eleição.A apresentação desta sexta-feira também influenciou no
resultado. O Brasil se defendeu em quatro idiomas (inglês, francês,
espanhol e português) e contou com discursos de Havelange, Nuzman,
Sergio Cabral (governador do Rio), Eduardo Paes (prefeito da
cidade), Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), Isabel
Swan (medalhista olímpica) e do presidente Lula, que pediu ao COI
"vencer o desafio" de expandir os Jogos Olímpicos.
"O Lula disse que nunca tinha participado de um momento tão bonito.
Ele é um personagem fantástico, nunca vi alguém com um amor tão
grande pelo Brasil", disse o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo
Paes.
O discurso do presidente Lula e o projeto do Rio de Janeiro
comoveram os membros do Comitê Olímpico Internacional. Na votação, a
cidade de Chicago, que era apontada até como favorita, foi a
primeira a ser eliminada. O resultado provocou reações de surpresa e
festa no centro de imprensa do Bella Center, onde a eleição foi
realizada.
Logo em seguida foi a vez de Tóquio ser eliminada, para a tristeza
dos atletas japoneses que acompanharam a apuração ao lado dos
jornalistas. Ficaram para a final Rio de Janeiro e Madri. E, após
uma hora de espera, a cidade brasileira foi finalmente anunciada
como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Agora, com a vitória, o Rio de Janeiro precisa acabar com a
desconfiança de que cometerá os mesmos erros do Pan. Para colocar os
Jogos Pan-Americanos de 2007 de pé o Rio gastou bem mais do que
estava previsto no orçamento e não entregou alguns pontos chaves do
projeto, como a melhoria na rede de transporte.
O transporte, aliás, é um dos pontos fracos do projeto para 2016. O
sistema de hotelaria da cidade também causa preocupação, uma vez que
o Rio ainda não tem a garantia de que todos os quartos prometidos
serão entregues.
Para resolver os problemas, o Rio de Janeiro apostou no maior
orçamento entre as cidades finalistas. A Olimpíada de 2016 vai
custar cerca de R$ 25,9 bilhões, com os gastos divididos entre os
governos federal, estadual e municipal e a iniciativa privada.
Enquanto a gastança não começa, o clima é de festa. A expectativa é
que 100 mil pessoas compareçam à praia de Copacabana para comemorar
a vitória carioca. Em Copenhague, a festa será realizada no hotel
SKT Petri, quartel-general da delegação brasileira na cidade.