O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, que há menos de um ano ganhou um capítulo nos
livros de história ao ser eleito o primeiro presidente negro dos
Estados Unidos, abriu hoje outra página ao ganhar o Prêmio Nobel da
Paz.
Famoso por sua calma, coragem e
estilo conciliador, Obama, aos 48 anos, encarna como ninguém o sonho
de reconciliação em um país com profundas feridas raciais e de
mudança nas relações internacionais, marcadas nos últimos mandatos
pelo unilateralismo.
O presidente dos Estados Unidos criou
um "clima novo para a política internacional. Graças a seus
esforços, a diplomacia multilateral recuperou sua posição central e
devolveu às Nações Unidas e outras instituições internacionais seu
papel protagonista", afirmou o Instituto Nobel.
O prêmio reconhece seus "esforços
extraordinários por reforçar a diplomacia internacional e a
cooperação entre os povos".
A história de Obama é, como ele bem
diz, "pouco convencional".
Nascido em 1961 no Havaí, é filho de
Stanley Ann Dunham, uma antropóloga nascida no Kansas, e de Barack
Obama Sr., um economista queniano educado em Harvard, ambos já
falecidos.
O casamento acabou quando ele tinha
dois anos e só veria seu pai mais uma vez durante uma visita deste
aos EUA.
Sua mãe voltou se casar com Lolo
Soetoro-Ng, um cidadão da Indonésia, onde Obama passou vários anos
de sua infância antes de retornar ao Havaí aos dez anos para viver
com seus avós maternos e ter acesso assim a uma melhor educação.
Sua avó, Madelyn Dunham, foi uma das
presenças mais importantes de sua vida, a mulher que, segundo ele
diz, se sacrificou por ele várias vezes e quem o amou "mais que tudo
no mundo".
Apesar de ser criado pelos avós em um
ambiente estável, Obama sofreu uma forte crise de identidade durante
sua adolescência, que esteve marcada não só por uma destacada
trajetória escolar, mas também por anos de rebeldia.
Veio a formação nas universidades de
Columbia e Harvard, uma etapa como professor e defensor dos direitos
civis em Chicago, sua eleição como senador e desembarque em
Washington em 2004 e sua chegada à Casa Branca em 2008.
Seus dois livros autobiográficos
The Audacity of Hope (A audácia da esperança) e Dreams from
my father (Sonhos do meu pai) se transformaram best sellers.
Os observadores mencionam com
frequência que o segredo de seu êxito obedece a uma arma rudimentar:
o poder da palavra.
Obama assegura não ter percebido seu
poder dialético até que participou de uma manifestação contra a
segregação racial na universidade e descobriu que tinha captado a
atenção após começar a falar.
"Todos ficaram calados e me olhavam",
lembra em "Dreams from my father".
Sua carreira política arrancou,
curiosamente, com discursos que não conectavam bem com o público e
nos quais abundavam os detalhes sobre seus programas.
Não seria até 2004, durante sua
campanha ao Senado, quando introduziu os elementos de "esperança,
mudança e futuro" que tingem a entusiasta retórica que tão bons
resultados lhe deu.
Obama está casado com Michelle
Robinson Obama, que é advogada. O casal tem duas filhas: Malia Ann e
Natasha.
História do prêmio
Entregue pela primeira vez em 1901, o Prêmio Nobel da Paz foi
idealizado pelo sueco Alfred Nobel, químico inventor da dinamite.
Ele morreu em 1896, deixando a maior parte de sua fortuna dedicada à
premiação de grandes feitos em diversas áreas do conhecimento.
Para isso, elaborou um testamento que
estipulava que as suas fábricas deveriam ser vendidas e as receitas
investidas em um fundo. Todos os anos parte desse fundo deveria ser
distribuído "entre aqueles que, durante o ano anterior, tenham
dotado a humanidade de maiores benefícios".
Os prêmios - 10 milhões de coroas
suecas (cerca de US$ 1,4 milhão), uma medalha de ouro e um diploma -
são custeados pelos rendimentos oriundos do legado de Nobel. O valor
em dinheiro, no entanto, não foi tão substancioso desde o início da
premiação.
Na primeira edição, o valor
correspondia a cerca da metade do que é hoje. O idealizador do
prêmio via a entrega de dinheiro como uma maneira de ajudar os
vencedores a darem continuidade a seus projetos com independência.